Há muitos anos, um premiado cientista, vencedor de um Nobel de medicina, Alex Carrel, afirmava que a humanidade crescia cientifica e tecnologicamente, mas, tal crescimento não era acompanhado, simultaneamente, pelo desenvolvimento moral. Realmente, após dois mil anos de cristianismo, a nossa criatividade para fazer o mal aumenta. Surgem sempre as formas mais graves e bárbaras de desrespeito à pessoa humana, e, uma de suas maneiras mais horrendas é o “tráfico humano”. Diante deste gravíssimo pecado – esse é o nome mais correto para o crime, eu diria “crime de lesa divindade”, uma vez que fomos criados à imagem e semelhança de Deus – a Igreja, no Brasil, levanta sua voz profética: “é para a liberdade que Cristo nos libertou…” (Gl 5,1).
O tema da Campanha é: “fraternidade e tráfico humano”. Triste é saber que tantos promotores deste cruel crime foram batizados um dia, ou quem sabe até hoje, rezam o Pai Nosso. O Papa Francisco, ao referir-se ao tráfico humano, afirma ser esse uma “atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas”.
Afinal, quais a principais formas de tráfico humano? A CNBB cita quatro delas.
Tráfico para a exploração no trabalho – atinge, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), quase quinze milhões de pessoas em todo mundo, que são forçadas ao trabalho e vivem em condições sub-humanas.
Tráfico para a exploração sexual – afeta quase cinco milhões de pessoas, a maior parte de mulheres que, enganadas, se tornam vítimas do crime organizado e obrigadas à prostituição.
Tráfico para extração de órgãos – crime sempre crescente e sem bons dados estatísticos. Os doadores são, normalmente, involuntários e tem seus órgãos coletados para transplante.
Tráfico de crianças e adolescentes – os dados são imprecisos, mas, espanta-nos saber que crianças e adolescentes são subtraídos de seus lares. Nessa estatística, devemos incluir as crianças forçadas ao trabalho, sem perspectiva de um futuro melhor.
A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2014 chama a nossa atenção para esse horrendo mundo do crime. Cabe-nos denunciar, apoiar as instituições e institutos voltados para a nobre causa de resgatar a dignidade humana de tantas criaturas, de tantos irmãos nossos.
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