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01/06/2014: "Estarei Convosco"

Comentário ao Evangelho da Ascensão do Senhor: Mt 28, 16-20

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Voltar… Certas vezes parece uma tragédia, especialmente para todos os que desejaram sempre prosseguir, firmes contra toda resistência. Retornar soa, não raras vezes, derrotista; quanto mais, caso se fale em regressar ao início. Como se isso representasse dispensar tudo que fora conseguido até ali, no ponto onde estávamos. Voltar ao início significa que não há mais futuro que possa se abrir, de modo que resta apenas fazer o caminho no sentido contrário: para o passado. Será assim?

Não haverá poucas vezes em que experimentaremos o amargor do fim, quando com as vistas turvadas não veremos nada, senão as barreiras que nos impedem de continuar.  Neste exato instante, contra toda ideia de progresso a todo custo, talvez o mais correto fosse, voltar. Não por desespero nem por desistência, mas para encontrar no princípio, o fulgor que nos fez começar. Para nunca esquecermos o Primeiro Amor; aquele que nos impulsionou a dar o primeiro passo. Porque lá no início, se escondem sempre as intenções que nos mantiveram caminhando.

Regressar à Galileia, seguindo o mandato de Jesus (Mc 16, 7; Mt 28, 7.10) significa também isso: reencontrar, lá, no começo de tudo, o que parecia ter acabado. Foi na Galileia que os discípulos encontraram o Mestre; foi naquela montanha – não importa qual seja – que Jesus ensinou e revelou seu projeto (Mt 5- 7). O convite para ir à Galileia é quase o mesmo que dizer: no fim, talvez não esteja mesmo o fim, mas as possibilidades de um recomeçar, que ainda não vimos.

Da Galileia (não de Jerusalém nem de Roma), os discípulos serão enviados em missão aos confins do mundo, para fazer outros discípulos, batizando em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. A missão da Igreja nascente não é ajuizar sobre os homens nem pregar ressentimentos, mas fazer discípulos do mesmo modo que o Mestre fez, anunciando a Boa-Notícia que Jesus anunciou, convidando todos a uma vida nova (batismo), em nome do Pai, na força do Espírito. Na própria ação dos discípulos, assim, se vê a Jesus ressuscitado, pois Ele mesmo confirma sua presença sempre atuante, no coração da comunidade.

O relato do Evangelho desse Domingo da Ascensão, faz uma inversão interessante: enquanto esperamos um relato da subida de Jesus aos céus,  que encontramos só na primeira leitura (At 1, 1-11),  nós nos deparamos com a promessa do Cristo, de  que ele estará sempre conosco. Sua subida aos céus é, portanto, o mesmo que sua descida à vida da Comunidade que quer viver como Ele viveu. É o mesmo que sua descida aos nossos corações. Desse modo, compreendemos que Páscoa, Ascensão e Pentecostes são nuances do mesmo Mistério Pascal.

Jesus não vai para o Pai, abandonando-nos. Pois, a autonomia ou a maturidade não surgem apenas quando estamos sós, mas principalmente frente aos outros, frente às alteridades que nos desconcertam. Quem nós nos tornamos, nós descobrimos especialmente diante de quem nos lança para cima, de quem nos ajuda a ascender. Com Jesus é assim; sua presença não nos infantiliza, mas nos encoraja e, por isso, ele promete permanecer. Sua promessa não se cumpre somente em sua presença na Palavra proclamada, ou no Pão Eucaristizado, mas também no coração da comunidade que se reúne, que em sua ação testemunha o vigor inicial do Mestre. Por que, se não é possível repetir estruturas antigas, já que o contexto em que vivemos é outro, ao menos deveríamos assumir que o Espírito do Mestre é o mesmo. O Mesmo que quer nos levar à renovação. Afinal, o Espírito quer gerar em nós a mesma unidade que há na Trindade; a unidade de um único e efetivo Amor.

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Por, Diácono Eduardo César

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