A Igreja Espírito Santo do Cerrado e o espaço arquitetônico
O projeto foi encomendado por Frei Egydio Parisi e Frei Fúlvio Sabia em 1975 e sua construção é fruto do trabalho coletivo da comunidade e profissionais envolvidos. O conjunto da Igreja é organizado em quatro níveis: o mais alto guarda a área de celebração (esquina da Avenida dos Mognos e Rua das Mangabeiras), o segundo foi originalmente a moradia para três religiosas e administração, o terceiro um salão para festividades e reuniões e o quarto e mais baixo a quadra de futebol, que está localizada na esquina da Avenida dos Ipês e Avenida dos Mognos. O programa é organizado em três volumes principais com formas curvas e conectados. O acesso à Igreja se dá pela Avenida dos Mognos, onde uma entrada principal distribui o fluxo para os três níveis. O volume central, onde está a moradia das religiosas possui um pequeno claustro, para onde estão voltadas as janelas dos quartos. Na porção mais alta do terreno está localizado o campanário sem o sino.
Conjunto arquitetônico simples e de grande teor “expressionista” projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) em um trabalho que explora as características presentes no cerrado e leva em conta a possibilidade de execução da obra pela comunidade local. É importante destacar que esta é a única obra da arquiteta em Minas Gerais, justificativa principal para seu tombamento. Obra relevante da arquitetura moderna na cidade e reconhecida nacionalmente e internacionalmente. A sua importância internacional provém, além da qualidade expressiva da obra, ao fato de Lina Bardi ser reconhecida por sua atuação como agente cultural e trabalhar com a linguagem da arquitetura moderna recuperando técnicas primitivas de construção. Essas técnicas contribuíram para a construção em mutirão.
O Bairro Jaraguá não é mais o mesmo de quando a igreja foi construída. Muitos moradores são novos, as ruas recebem maiores fluxos e o projeto de Lina Bo Bardi permanece como centro de reuniões comunitárias. Acredita-se que a conservação da espacialidade, materialidade e uso deste espaço garante o cumprimento de sua função na comunidade. O tombamento Estadual foi oficializado pelo IEPHA/MG em 18 de março de 1997.
