Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. (Mc 16,15)
É comum pessoas se dirigirem às secretarias de nossas paróquias querendo batizar seus filhos. Muitas vezes a motivação para batizar as crianças é carregada de superstição: “para ter um sono tranquilo, para acalmar”, etc. Ao procurar o batismo motivado por essas realidades, corre-se o risco de anular o real significado desse sacramento.
O batismo é o sacramento pelo qual participamos do mistério pascal de Cristo. Somos lavados do pecado original e regenerados como filhos e filhas de Deus. Pelo batismo mergulhamos na paixão e morte de Jesus, e, ao emergirmos somos ressuscitados com Cristo para uma nova vida. Com isso, o crente é inserido na comunidade cristã e assume a missão de anunciar e testemunhar Jesus Vivo e Ressuscitado no mundo de hoje.
É no batismo que recebemos a missão de propagar os valores evangélicos visando à concretização do Reino de Deus entre nós. No banho batismal somos enviados a produzir os frutos desse sacramento mediante uma vida ativa na comunidade e na sociedade. Se no batismo tornamos cristãos, e, o cristão é aquele segue e escuta a voz do seu Mestre, logo, cada batizado deve colocar em prática os ensinamentos deixados por Jesus.
A missão de anunciar o Evangelho é de todas as pessoas. Não é só responsabilidade dos bispos, padres e diáconos, mas sim de todo batizado. A missão é realizada no dia a dia. Com pequenos gestos e atitudes de acolhida, desapego, disponibilidade, fraternidade, partilha, serviço e solidariedade, difundiremos o projeto salvífico de Deus à humanidade. Essas ações contém o germe, a semente do Evangelho que precisa ser lançada na terra para crescer e dar frutos (cf. Mt 13, 9).
O missionário autêntico não contenta com a realidade existente, mas deseja transformá-la e aproximá-la cada vez mais do projeto do Pai, a fim de promover a vida em abundância (Cf. Jo 10,10b). Gerar vida na sociedade de hoje é o grande desafio do missionário. É desafiante, porque numa sociedade consumista e egocêntrica em que vivemos, as pessoas cruzam os braços, tornando-se alheias ao sofrimento e a dor dos outros; o missionário que tem na mente e no coração o mesmo sentimento de Jesus, compadecendo-se pelo irmão que sofre, não pode calar ou acomodar-se. Deve enfretar esta complexa realidade de morte.
Vemos diariamente nos jornais a predominância da realidade de morte. Pessoas que se nomeiam cristãs agem contrariamente os seus princípios, a tal ponto de ferir a dignidade da vida humana. Encontramos cristãos ligados a comunidade de fé, envolvidos na corrupção, na desonestidade e na violência. Esta é a postura e comportamento daquele que foi batizado e recebeu o envio de Jesus para pregar o evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15)? Com certeza essa não é a atitude de um cristão. Porém, é nesta realidade assustadora que o cristão deve exercer sua missão: ser sinal de luz, esperança, gerador de vida. Testemunhar no meio dos sinais de morte presentes na sociedade, os valores evangélicos, a fim de que a vida nova instaurada por Jesus, se manifeste no mundo com um farol, a guiar os passos da humanidade, rumo a concretização do Reino de Deus entre nós. Isso é viver o nosso batismo!
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Por, Pe. Guilherme Stor
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