Diocese de Uberlândia Em Destaque

Contribuições da Diocese de Uberlândia para o Sínodo da Família

Após intenso trabalho de preparação, divulgação e finalização, a muitas mãos e num só coração, a Comissão Diocesana para o Sínodo da Família (a III Assembleia Extraordinária ocorrerá de 05 a 19 de Outubro no Vaticano), concluiu nessa Segunda-feira (20) a apuração das respostas ao Questionário – enviado pela Santa Sé a todas as dioceses do mundo -, obtidas graças à participação de muitos agentes de Pastorais e Movimentos da diocese.

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[O Sínodo dos Bispos dedicado ao tema da família vai ter duas assembleias, uma extraordinária em outubro deste ano e outra ordinária em outubro de 2015]

Na diocese de Uberlândia, muitas Pastorais e Movimentos fizeram-se presentes no último dia 11/01 para, juntos, responderem as 38 questões que estavam divididas em 09 blocos distintos, a saber, Sagradas Escrituras, Matrimônio, Pastoral familiar, e outros. “Lei Natural”, “uniões homoafetivas” e “casais em segunda união” foram alguns dos muitos assuntos debatidos e respondidos pelos participantes.

Além da resposta in loco, na Paróquia São Judas Tadeu, das 08h às 17h, os fiéis leigos e fiéis ordenados da diocese de Uberlândia contaram ainda com uma outra possibilidade de ser ouvidos; antes mesmo do fim do ano (2013), até o dia 13 de Janeiro (2014), esteve publicado no Portal da Diocese (www.elodafe.com) uma enquete através da qual o leitor, anonimamente, pode dar sua opinião em todas as questões. Apesar do número relativamente pequeno de participantes (32), a Comissão Diocesana mostrou-se contente com a participação dos leitores do Portal. Essas respostas foram somadas às outras respondidas diretamente do Questionário por representantes das Pastorais e Movimentos familiares, conforme já mencionado.

Como não era possível enviar tais respostas no seu aspecto “bruto”, coube à Comissão Diocesana redigir uma espécie de consolidação, fiel aos textos das respostas, que foi posteriormente enviado ao Setor Família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que terá a responsabilidade de fazer chegar ao Vaticano as respostas de todas as dioceses brasileiras.

Cumprindo a nossa missão de divulgar a Boa-Nova do Reino de Deus, fazemos chegar, portanto, a todos os fiéis católicos, bem como aos homens e mulheres de bem, da Diocese de Uberlândia-MG, a síntese final das respostas coletadas. E, assim, fazemos votos de que a contribuição de “tantas mãos e de tantos corações” encontrem na “cidade eterna” o respaldo que merecem.

Diácono Claudemar Silva
Assessor de Comunicação da Diocese de Uberlândia-MG

 

Confira abaixo a consolidação final

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1 – Sobre a difusão da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja a propósito da família

a)  Qual é o conhecimento real dos ensinamentos da Bíblia, da “Gaudium et spes”, da “Familiaris consortio” e de outros documentos do Magistério pós-conciliar sobre o valor da família segundo a Igreja católica? Como os nossos fiéis são formados para a vida familiar, em conformidade com o ensinamento da Igreja?

R.: – O conhecimento em relação aos documentos é extremamente limitado. É pequeno e restrito o conhecimento dos fiéis sobre os ensinamentos da Bíblia e dos documentos da Igreja em relação ao valor da família. Esse desconhecimento é resultado, sobretudo, da insuficiência de ações de formação dos católicos. A catequese familiar ainda não foi capaz de transmitir esses conhecimentos de maneira abrangente, principalmente no que diz respeito aos documentos da Igreja.

Parcela importante dos católicos desconhece o magistério da Igreja, mesmo porque pouco se fala e pouco se ensina sobre o assunto.

O problema é que, ainda, é pequeno o número de casais que participam desses movimentos. Grande das famílias católicas não se engaja nas atividades da Igreja e muitos casais não se preocupam em receber o sacramento do matrimônio.

Consideramos a metodologia pedagógica de aplicabilidade e de motivação, por parte da Igreja, ineficaz e incapaz de atingir seus objetivos.

A metodologia deve ser pensada, levando-se em conta o interesse dos fiéis e, sobretudo dos agentes de pastoral: estes devem procurar alcançar uma formação que estimule e desperte sua busca por conhecimento, para tal precisam ser motivados e valorizados. Formadores mais qualificados e cursos de formação bíblico-catequética promovidos constantemente pelas paróquias, e estas devem investir também com ajuda financeira a fim de se incentivar maior número de leigos a buscar cursos que os capacite e os embase, como: Teologia, Ciências da Religião e outros.

Observa-se que, antes de Concilio Vaticano II, a Igreja se preocupava mais com a sacramentalização e pouco com a evangelização. Com isso os ensinamentos foram ficando quase que relegados às tradições familiares, que passavam de uma geração a outra. Com isso, apesar de sua importância, não foram capazes de aflorar uma consciência voltada para os estudos da Bíblia e documentos da Igreja. Desta forma, até mesmo as celebrações eucarísticas e todos os sacramentos não são bem entendidos em sua total dimensão e no seu real valor.

Apesar de os documentos conciliares e pós-conciliares emergirem como instrumentos de orientação em favor de uma catequese mais aprofundada, esta se limita à falta de aplicabilidade por parte dos agentes e formadores. Reconhecidamente existe um avanço nos últimos anos, mas consideramos ainda distante da proposta do Concilio Vaticano II, e este, que já completou 50 anos, ainda é pouquíssimo conhecido!

b) Onde é conhecido, o ensinamento da Igreja é aceite integralmente. Verificam-se dificuldades na hora de o pôr em prática? Se sim, quais?

R.: Aceito razoavelmente!

Pode ser observada dificuldade na hora de pô-lo em prática, devido à interpretação de muitos fiéis, que conservam, muitas vezes, um conceito de ideias rígidas por parte da Igreja que conserva valores como a castidade, o uso de contraceptivos, de preservativos, da ligação de trompas e da vasectomia. Neste entendimento de muitos, a Igreja torna-se manipuladora de seus poderes e exige de seus fiéis coisas quase impossíveis de se cumprir, embora a mesma situação seja defendida por muitos fiéis, e estes serem tidos como “mais conservadores”.

Consideramos que seria muito mais de responsabilidade do clero as orientações e informações que propiciassem melhores entendimentos aos fieis leigos e os levassem a uma compreensão mais objetiva da realidade dos ensinamentos da Igreja, aliás, eles estudam durante muitos anos Filosofia e Teologia, para se prepararem, de fato, para o trabalho de evangelização e apoio pastoral às suas comunidades de fé. Existe uma lacuna imensa entre a proposta e a disponibilidade e comprometimento dos leigos em assumir o que os clérigos oferecem em termos de orientação catequético-pastoral.

Nossa Igreja é ainda muito clerical, o protagonismo real dos leigos está ainda distante do que nos propõe o Concílio Vaticano II. Um número muito reduzido de leigos realmente detém as informações e o conhecimento do Magistério, no país que é conhecido em quantidade como o maior país católico do mundo.

c) Como o ensinamento da Igreja é difundido no contexto dos programas pastorais nos planos nacional, diocesano e paroquial? Que tipo de catequese sobre a família é promovida?

R.: – Podemos observar, em todos os setores, que a Igreja poderia usar melhor os meios de comunicação, uma vez que, em nosso entendimento, isso tem sido feito pela Igreja de forma ineficaz, mesmo sabendo que este é um recurso a ser explorado em favor da evangelização e dos princípios cristãos.

Ao invés de ficar criando emissoras que depois não conseguem manter-se nem crescer, deveria a Igreja trabalhar para introduzir nas grandes emissoras existentes no país líderes cristãos, capacitados e convincentes, para levar a mensagem cristã a multidões, não importa que sejam eles padres, bispos ou leigos. O que importa é a eficiência, o carisma das pessoas.

Verificam-se, não raro, dentro das emissoras católicas, criadas a partir de iniciativas de congregações e de fundações, disputas de cargos e funções, quase sempre promovidas por padres que estão em via de assumir a direção de tais emissoras.

Em Uberlândia, a experiência da implantação e a iniciativa particular da Catequese Familiar tem-se demonstrado uma possibilidade: catequese infantil e pastoral familiar num trabalho conjunto e de parceria solidária tem conseguido aproximar pais e catequizandos e conseguido trazer pais para uma efetiva participação; visto que muitas vezes os pais mandam os filhos para a catequese e imputam toda responsabilidade aos catequistas.

Relevante o trabalho da Pastoral Familiar em seus três setores (Pré, Pós e Casos Especiais), embora este seja também pouco entendido pela maioria dos fieis e também por parte do clero, que não valoriza, não divulga, não incentiva a implantação, não entende, ou se entende não explica a dinâmica de atuação e singularidade desses setores, com sua importância. O Núcleo de Formação e Espiritualidade, também da estrutura nacional da Pastoral Familiar ainda é desconhecido pela maioria das Dioceses.

As experiências dos encontros de casais produzem belos resultados, do ponto de vista de evangelização e engajamento pastoral, pena que a perseverança é mínima no contingente dos encontros promovidos, falta motivação e agentes bem preparados para o acompanhamento e formação continuada dos mesmos. Oxalá houvesse motivação e apoio, por parte de toda Igreja para realização e implantação da Pastoral Familiar em todas as dioceses do Brasil.

d)  Em que medida – e em particular sob que aspectos – este ensinamento é realmente conhecido, aceite, rejeitado e/ou criticado nos ambientes extra-eclesiais? Quais são os fatores culturais que impedem a plena aceitação do ensinamento da Igreja sobre a família?

R.: Consideramos que estes ensinamentos são em geral pouco conhecidos ou mal interpretados, nos aspectos já discutidos anteriormente: falta de explicação por parte de padres, bispos e também leigos, que tem esta incumbência, e estão à frente de tais iniciativas, e com conhecimento a respeito, mas que não conseguem passar adiante tais conhecimentos. A atuação dos Diáconos Permanentes em nossa Diocese é pouco divulgada e os mesmos, pelo acúmulo dos trabalhos administrativos paroquiais, quase não participam dos trabalhos pastorais, o que é uma pena, pela experiência de família que vivem, poderiam contribuir muito mais.

Entendemos que a doutrina da Igreja é bem aceita, mas, mal interpretada, e por ser mal interpretada, torna-se por muitos, entendida como alienantes. Visto assim na perspectiva tão somente da escatologia, sem muitas vezes, passar pela realidade da Cruz. Com isto muitos aspectos doutrinários são entendidos como contradição. Ex: pessoas mal orientadas não entendem, por exemplo, passagem do Evangelho que diz: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, lhes digo: “não se vinguem de quem faz a vocês”. Pelo contrário: se alguém lhes dá na face direita, ofereça também a esquerda” ( Mt 5,38 – 39). E Cristo mesmo explica porque deve ser assim, corrigindo a lei antiga: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘amem o seu próximo e odeiem seus inimigos”. Eu, porém, lhes digo: ‘amem seus inimigos e rezem por aqueles que perseguem vocês. “Assim, vocês se tornarão filhos do Pai que está nos céus, porque Ele faz o Sol nascer sobre maus e bons e a chuva cair sobre os justos e injustos”. (Mt 5, 43 – 45.). Sair da literalidade e interpretar com a razão! É preciso trabalhar mais no aprofundamento teológico!

Entendemos também que muitas vezes, e exatamente por não se ter uma formação mais racionalista, se preocupa muito com questões de discussões, que extrapolam o âmbito da respeitabilidade a credos, e ficam preocupados com o que outras denominações religiosas fazem, e com seus métodos de “arrebanhamento de fiéis”, do que com nossos próprios métodos, deixando assim de aprofundar no conhecimento, gastando muito tempo de reuniões e encontros com discussões, sem produzir resultado algum.

– Não basta a Igreja expedir documentos belíssimos, como é o caso de “Familiaris Consortio” e outros, mas que não produzem efeitos, pois não são colocados em prática. Ficam só no papel e muito bem guardados!

Geralmente, grande parte da hierarquia da Igreja só intervém e toma atitudes quando se entra em situações proibidas, mas nem sempre, se compromete, pra valer, com a estruturação e zelo pelas famílias.

Às vezes, em muitas paróquias, os principais responsáveis pelas famílias são os leigos, de modo especial, os agentes da Pastoral Familiar, e alguns movimentos assistencialistas, como o caso dos VICENTINOS e outros. Há párocos e vigários (administradores paroquiais), que cerceiam ou dificultam muito a assistência familiar, em suas paróquias, usando argumentos que não se justificam. Outros não manifestam nenhum entusiasmo ou interesse em implantar um trabalho que vise à real preocupação espiritual e de evangelização.

2 – Sobre o matrimônio segundo a lei natural

a) Que lugar ocupa o conceito de lei natural na cultura civil quer nos planos institucional, educativo e acadêmico, quer a nível popular? Que visões da antropologia estão subjacentes a este debate sobre o fundamento natural da família?

R.: Cada vez mais, com a secularização da sociedade, os valores cristãos estão se perdendo e o Relativismo, já criticado por Bento XVI e por tantos, prevalece como norma tanto no plano educacional e acadêmico, quanto no plano institucional, já no plano popular é aceito integralmente como único, levando as pessoas a práticas preconceituosas, exclusivas e segregacionistas. Civilmente “até ontem” dizia-se que o casamento era a célula madre da família. Local onde um casal gerava sua prole, alimentava, instruía, direcionava, orientava. Hoje popularmente o casamento se baseia e se fundamenta no sexo. A prole é levada para uma creche, depois direcionada a uma escola que as deve educar e onde os pais não tem acesso.

O matrimônio civil só diz respeito a interesses particulares, no momento em que há um divórcio, a Igreja segrega os divorciados, não os acolhendo como filhos de Deus, não podendo se casar, nem tampouco constituir outra família. Opção que por vezes, o primeiro casamento feriu direitos constitucionais tais como a dignidade humana, a moralidade e o direito de viver em plena harmonia com os ensinamentos da Igreja. Antropologicamente o conceito de família vai além do aspecto natural, pois envolve também laços de sentimentos.

Essa é uma questão filosoficamente complexa. Mesmo entre os teóricos católicos da Lei Natural, há discussão sobre como deve ser interpretada e aplicada, e poucas pessoas têm algum entendimento sobre esse tema. Elas podem ter opiniões sobre o que encaram como comportamento “natural” e “não natural”. A Lei Natural pode, por exemplo, ser usada para argumentar que a poligamia é boa em sociedades nas quais ela provê olhar cuidadoso e auxílio a viúvas e órfãos, através de casamentos no interior de grandes grupos de parentesco e família. A Lei Natural também tem sido usada por fiéis e teólogos experientes para argumentar contra o modo como ela é aplicada na Humanae Vitae, ou para sustentar que o casamento entre pessoas do mesmo sexo pode ser incluído no entendimento da Igreja acerca do matrimônio. Nós não devemos esquecer que por muitos séculos a Igreja apelou à Lei Natural a fim de afirmar que as mulheres eram inferiores aos homens na ordem da Criação, enquanto alguns filósofos usaram-na para justificar ideologias racistas. Acreditamos firmemente na Lei Natural, quando ela é apropriadamente aplicada – isto é, quando é indutiva, guiada pela experiência, acomodando-se às mudanças dos valores e práticas culturais, e enraizadas no entendimento sacramental da Criação. Veremos, pois, a evolução no nível social. No Brasil, talvez, o Direito, conjunto normativo, através, SOBRETUDO, dos Tribunais, avançaram mais do que o próprio ciclo social, em opinião. O preconceito, acepção contaminada e disseminada nos níveis extra e intra Igreja, provocam o sentimento da aversão à união de pessoas do mesmo sexo. Entretanto, um debate forte foi envolvido nas academias científicas, com fulcro na autodeterminação e dignidade humana (Constituição Federal). Não há uma preocupação cultural em nenhum âmbito em proliferar o matrimônio segundo as leis naturais e o meio acadêmico tem se mostrado o pior lugar para se falar sobre matrimônio, pois grande parte dos professores e alunos não são pessoas fundamentadas e alicerçadas na fé ou tem uma vivência de Igreja. E existe um debate forte hoje a nível antropológico em tornar tudo natural ou normal, fala-se muito no respeito sobre a forma de viver e de pensar do ser que é diferente de você, assim são formadas opiniões que divergem do catecismo e da Sagrada Escritura e matrimônio segundo a lei natural acaba ficando em segundo ou último plano. No histórico da consolidação antropológica do conceito de família, a lei natural fundamentou-e no primeiro princípio que se deve fazer o bem evitar o mal, ou seja, trabalhar em prol da conservação da vida. Contudo, com as novas relações se estabelecendo em outros níveis a lei natural na cultura civil quando ocorre o que é raro, tem redirecionado as discussões tanto dentro quanto fora do meio acadêmico colocando em xeque a lei natural primária em detrimento das novas vivências. Já a antropologia faz uma leitura das culturas, tradições e hábitos levando em conta as particularidades de cada povo, respeitando a consolidação das famílias.

SUGESTÃO: Deve-se facilitar o entendimento das orientações eclesiásticas através dos mais variados meios de comunicação, levando-se em conta as particularidades (país, nação, povos…).

b) O conceito de lei natural em relação à união entre o homem e a mulher é geralmente aceite, enquanto tal, por parte dos batizados?

R.: O povo assimila com naturalidade e sem reservas, o modelo de família proposto pela mídia pagã, na prática se diz que todos tem o direito de se amarem não importando sobre se esse tipo de amor é certo ou errado, é muito mais erotismo e o hedonismo vigente, prazer por prazer do que vivência mesmo de amor fraterno.  Outro ponto que não é muito assimilado, por influência da mídia e da própria cultura popular e ainda por estes desprezarem o papel dos filhos na família, tenta-se ver as uniões homossexuais como uma distorção que faz parte das uniões entre homem e mulher, onde quem faz o papel da mulher é um “pseudo-homem” ou quem faz o papel do homem é uma “pseudomulher”.

Não encontramos um leigo comum que tenha se referido à Lei Natural nesse contexto. Para começar, como alguém pode falar de uma ideia como sendo “comumente aceita enquanto tal pelos “batizados em geral” dada a vasta diversidade do Cristianismo global? Pensamos que essa questão confunde o que as pessoas consideram como “natural”, com a Lei Natural. Assim, elam arriscam-se a atrair uma resposta que sancionaria o casamento heterossexual como “natural”, condenando todas as outras relações sexuais como “não-naturais” e não é assim que a Lei Natural deve ser interpretada.

A questão teológica que a Igreja enfrenta hoje é se a Lei Natural pode oferecer um entendimento tanto mais includente do que excludente, do matrimônio cristão enquanto um modelo para o florescimento das relações humanas – por exemplo, isso poderia servir como um modelo para casais do mesmo sexo? Como a teologia da Lei Natural pode nos ajudar a entender as mudanças da cultura e das normas éticas em torno das relações humanas e quais novos modelos de amor, responsabilidade e cuidado para com as crianças e os idosos devem emergir se queremos proteger as futuras gerações das piores consequências do nosso presente turbilhão social? Essa é tanto uma questão de política, economia e justiça social, quanto uma questão de sexualidade, casamento e família. A Lei Natural necessita ser aplicada de maneira mais ampla do que simplesmente em relação ao sexo. Um tanto relativo um “sim”, se todos os que se dizem “batizados” aceitam ou não segundo a lei natural. Os acontecimentos relativos às vivências neste momento nos remetem a refletir que, por mais que haja uma influência do mundo exterior (relações sociais), a prática dos batizados demonstra, em sua grande maioria, um apego seguro à lei natural, no que se refere à união entre o homem e a mulher (matrimônio).

c) Como é contestada, na prática e na teoria, a lei natural sobre a união entre o homem e a mulher, em vista da formação de uma família? Como é proposta e aprofundada nos organismos civis e eclesiais?

R.: As leis que incompatibilizam com o pensamento popular são votadas na calada da noite sem nenhum aprofundamento civil. A Igreja tenta informar, mas o espaço é muito pequeno na mídia e nem todos possuem abertura para entender, tendo em vista o trabalho que há anos vem sendo realizado contra os Católicos. Argumentam sobre a liberdade do indivíduo de poder escolher seu próprio sexo, como se aquele dado por Deus não valesse nada, e como se fosse dono de si mesmo. Ela é aprofundada por meio da política e nos organismos educacionais

Nós vemos que o principal objetivo da formação de uma família é propiciar um ambiente favorável à catequese dos filhos e incentivar esses novos membros a participarem dos sacramentos. Nesse sentido, a lei natural é incontestável, pois a bênção de educar filhos não é confiada a casais homossexuais. Apesar disso, outros frutos da formação adequada de uma família são a união entre as famílias envolvidas no matrimônio, a ajuda mútua na perseverança da oração e o apoio, principalmente aos pais e aos mais idosos na família, em momentos difíceis. Estes frutos são perfeitamente plausíveis em casais homossexuais.

Com essa campanha pela legalização do casamento homossexual, a família tradicional vem sendo atacada e ridicularizada. Os governantes não estão interessados em defender a lei natural. Os cristãos católicos, na maioria das vezes, não se posicionam, por medo ou falta de argumentos. Se for feito um plebiscito, acreditamos que a maioria da população vai ser contrária à legalização do casamento homossexual e pela adoção de crianças por esses casais. Ao mesmo tempo não sabemos como nos posicionar, devemos respeitar as pessoas que são homossexuais, mas não devemos apoiar seu relacionamento homoafetivo… estão formando família sem compromissos civis e os governantes estão oferecendo registros gratuitos.

Há evidências que sugerem que, em todas as outras condições sendo iguais, crianças desenvolvem-se melhor no interior de matrimônios estáveis do que em outros contextos, embora globalmente se deva questionar como diferentes culturas definem casamento e família, antes de aproximar-se dessa questão da perspectiva da Lei Natural. Contudo, voltamos ao ponto de que a opção preferencial da Igreja é o pobre, o ferido e o vulnerável. Enquanto faz tudo o que é possível para encorajar matrimônios sólidos e ambientes familiares estáveis, a Igreja deve também estar consciente de que muitas pessoas, incluindo muitas crianças, encontram-se fora desses parâmetros e que não merecem menos cuidado pastoral e inclusão sacramental. Famílias sólidas e estáveis também precisam apoiar a comunidade. Hoje, muitas famílias são moldadas por um ethos competitivo, consumista e individualista que destrói o bem-comum – por exemplo, ao fazerem escolhas políticas, econômicas e sociais com respeito à habitação, educação e saúde que beneficiam os ricos e prejudicam as famílias e comunidades mais pobres, especialmente os jovens e os idosos. A Lei Natural diz respeito ao bem-comum, pois ela reconhece que o desenvolvimento humano é apenas possível em sociedades justas. A Igreja precisa acompanhar a evolução cultural e natural das coisas. A mulher conquistou posição de igualdade aos homens em termos de direitos e deveres.

A sociedade tem sido influenciada cada vez mais pelos meios de comunicação que a todo o momento mostra uma visão distorcida do modelo de família cristã, já que este modelo não dá ibope, logo as nossas famílias de tanto receberem estas mensagens acabam se enfraquecendo, pois aqui voltamos ao problema da não atuação destas na vida da comunidade que não se mostra atraente e sim deprimente devido ao número exaustivo de reuniões e compromissos. E acaba que o aprofundamento nos meios civis e eclesiais se mostram conflitantes onde cada um vai puxar a sardinha para o seu lado. E muitas vezes no meio eclesial aparecem ideias utópicas que se mostram humanamente impossíveis de serem realizadas. É necessário se pensar em obras mais simples e objetivas. E falta também a Igreja se posicionar de forma mais clara sobre determinados aspectos da vida a dois e não ficar rodeando ou empurrando determinados temas com a barriga, pois o povo quer respostas e orientações. Como dito acima, hoje, se defende o direito a felicidade não importa de qual forma e condição, mesmo que se encontre condenação ao homossexualismo na Bíblia.

Na forma de posturas ideológicas, alguns setores isolados da sociedade (campo político, econômico), induzem uma minoria a se rebelarem sem fundamentação, sem base, contra essa união natural do homem e da mulher no matrimônio.

Movidos pela base estrutural histórica da família, a grande maioria dos cristãos batizados tem se mostrado resistentes em aceitar estes ímpetos ideológicos.

Estas discussões permitiram um esclarecimento mais sério para a grande maioria da sociedade, em que o resultado disso, se mostra favorável em que haja uma permanência dessa união entre o homem e a mulher, no matrimônio.

d) Quando a celebração do matrimônio é pedida por batizados não praticantes, ou que se declaram não-crentes, como enfrentar os desafios pastorais que disto derivam?

R.: A Igreja deveria dar especial atenção a essas pessoas, instruir e incluir. Deveria ser feita uma catequese inteligente e objetiva, isto é, por catequistas verdadeiramente capazes e dinâmicos, que acreditem e transmitam de alma e coração, aquilo que dizem. A Igreja faz o casamento dos batizados, independentemente da frequência à Igreja, mas sendo um dos nubentes não-crente o casamento é possível, dependendo das intenções dos mesmos se instruírem na doutrina católica. Porém, há uma questão delicada, caso o não-crente aceite ser batizado por pura formalidade e depois disso não retorna à igreja católica achamos que são questões muito complicadas e discriminatórias. É contestada entre os católicos como ser a vontade de Deus, ‘No princípio Deus criou o homem e a mulher’ (Gn) , mas verifica-se um outro lado na questão do “livre arbítrio”, portanto aceitando a questão de relação do mesmo sexo. Em relação à Igreja, é bem clara e definida, não muda sua posição, assim muitos párocos permanecem nesta resposta da Igreja; seria interessante um pré-acompanhamento antes da realização do matrimônio. Há alguma semente na postura dos postulantes: se são batizados não praticantes ou não-crentes, por que querem receber, então, um sacramento? Há possibilidades de se visualizar uma pontinha da LEI NATURAL agindo no coração destas pessoas.

Perdeu-se a questão da pertença, a experiência da fé se faz em comunidade. O casamento não deve ser evento social, mas sim comunitário. Não é na Igreja mais bonito, mas na casa de seus irmãos. Voltar-se às comunidades cristãs primeiras. Em relação aos não-crentes… A expressão não está totalmente explicitada.  É um tema complicado, pois na maioria das vezes o matrimônio para estas pessoas é mais um evento social e isto fica explícito na participação destas pessoas na preparação para o matrimônio, sinceramente já pensamos muito sobre este assunto e o grande ponto é, a Igreja estaria disposta a fechar as portas para estas pessoas?

A igreja deve preparar as pessoas que estão à frente, com maior conhecimento e habilidades para que possam enfrentar as situações, com mais maturidade e segurança. Que possam ter uma linguagem única, permitindo um conhecimento mais aprofundado, para a própria conversão. Além disso, criar mecanismos de acompanhamento desta prática cristã. Os casais devem viver de fato aquilo que teorizam, testemunham.

3 – A pastoral da família no contexto da evangelização

a) Quais foram as experiências que surgiram nas últimas décadas em ordem à preparação para o matrimônio?

R.: Houve um trabalho diocesano, em Uberlândia, a fim de reunir e organizar os temas principais a serem tratados por todos os ‘cursos’ de preparação de noivos das paróquias da diocese de acordo com o Guia de Preparação Matrimonial da CNBB, assim como também regularizados tempo de curso, valor de ficha, certificados e orientações comuns para os ritos do sacramento do matrimônio.

Tem havido uma preocupação na conscientização dos casais de namorados sobre a responsabilidade de se conhecer, de conhecer o outro, sempre respeitando as particularidades do companheiro, vendo o outro como um ser amado de Deus e sendo amado que o outro também se responsabilize em amá-lo como Deus. Ter a consciência da aliança a ser assumida, e esta será com amor, responsabilidade, fidelidade, honestidade e cumplicidade, como Cristo tem pela Igreja. Que cada casal saiba nutrir o outro, pois será uma só carne; que o respeito seja constante de ambas as partes, principalmente entre as famílias, pois cada uma tem seus hábitos e se faz necessária uma fraternal convivência. Neste sentido alterou-se a visão de ‘curso’ de noivos para ‘preparação matrimonial’, incluindo-se nestes encontros o testemunho de casais que buscam não ‘ensinar a casar’ mas sim orientar, alertar, provocar reflexão…

Nos encontros de noivos também tem havido a preocupação de utilizar os meios tecnológicos mais atuais, bem como dinâmicas interativas, de forma a prender a atenção dos noivos nos assuntos tão importantes e pertinentes a este tempo de preparação para o matrimônio.

Estimulam-se os noivos a realizarem a preparação matrimonial no mínimo 06 (seis) meses antes do casamento.

b) Como se procurou estimular a tarefa de evangelização dos esposos e da família?

R.: Um primeiro passo é evangelizar as famílias apresentando Jesus Cristo e seu projeto de salvação, afinal ninguém ama aquilo que não conhece. Para tanto a conscientização é feita, sobretudo, através dos testemunhos de vida repassados nos encontros de noivos e de casais.

Através de reuniões feitas diretamente nas casas, onde se pode participar um pouco mais do ambiente familiar de cada casal.

Através também de convites para participação dos casais em atividades na Igreja a fim de engajá-los nos trabalhos pastorais. Realizando-se ‘encontro de casais’ em forma de retiro ou novenas nas casas e também através da catequese familiar.

Promovendo momentos de confraternização das famílias.

c) De que modo promover a consciência da família como “Igreja doméstica”?

R.: – Através do acolhimento da família inteira. Acolher, preparar, dando formação necessária e distribuir serviço pastoral para todas as faixas etárias, a fim de envolver toda a família na igreja.

Pensamos que o envolvimento musical da família na igreja é uma alternativa estimulante para adoração ao nosso Deus Salvador, tanto nas celebrações, quanto na catequese e até na oração domiciliar.

Entendemos que os padres têm uma responsabilidade também crucial neste sentido do acolhimento das pessoas na igreja, envolvendo-se pessoalmente com as famílias, acolhendo fraternalmente, cumprimentando afetivamente, trocando ideias, sendo um pastor que visita seus fiéis e participa também do dia-a-dia delas, na medida do possível em suas comunidades.

Podemos conscientizar a família como “Igreja doméstica”, levando-a a descobrir que precisa assumir o batismo, cada dia aperfeiçoar o caráter individual de cada um, tendo uma sólida personalidade cristã, o modo de ser, adquirindo como dissemos anteriormente as virtudes humanas e com certeza também na formação espiritual, para assim progredir sucessivamente às virtudes cristãs, como, por exemplo, a caridade, a misericórdia que são os ensinamentos de Jesus. Conscientizar os casais que a família exercitando o conhecimento de Deus, o seu amor revelado em Jesus, a fé crescerá e o Espírito Santo os fortalecerá e dará coragem suficiente para anunciar o reino.

d) Conseguiu-se propor estilos de oração em família, capazes de resistir à complexidade da vida e da cultura contemporânea?

R.: Vários estilos de oração em família conseguiram ser propostos e, de forma criativa e eficaz, têm sobrevivido ao longo dos anos. A realização de novenas, de momentos de reflexão em família, como Campanha da Fraternidade, Semana da Família, Semana da Vida, Mês da Bíblia, festa do padroeiro e tempo do natal, círculos bíblicos, programas de rádio e televisão, jornais e revistas, sites iterativos, etc…, propostos nos tempos fortes da Igreja, vêm utilizando linguagem simples e trazendo as leituras e reflexões bíblicas para a realidade das famílias no mundo atual.

Devemos salientar, no entanto, que muitos são os caminhos que concorrem para desviar as famílias para outras atividades de forma a não disporem tempo e dedicação a tais momentos de oração.

No contexto da família que são transmitidos (ou deixam de ser transmitidos) os valores que marcam a vida das pessoas. O que se aprende nos primeiros anos de vida tem importância decisiva. É missão da igreja mas, sobretudo dos pais, criar um ambiente doméstico que fale da nossa fé: não faltar oração nas refeições, na hora de dormir, haver a presença de sinais religiosos em casa como a Bíblia, crucifixo, altarzinho, buscar o batismo, participar da missa, assistir programas saudáveis…,  tudo isso contribui para a transmissão da imagem de Cristo e estimula a vida em comunidade.

e) Na atual situação de crise entre as gerações, como as famílias cristãs souberam realizar a própria vocação de transmissão da fé?

R.: Indo contra a maré, ou seja, não aderindo às ‘modas’ e práticas da massa. Tentando resgatar os valores dos pais e avós, exercitando alguns hábitos tradicionais que mantém a família unida. Sendo os pais testemunhos para seus filhos;

Estar aberto para aceitar a realidade atual e adaptar a religiosidade na vida moderna. Neste âmbito, adquire especial importância o tempo e atenção entre os pais com os filhos onde a diversão e o bom uso do tempo livre tem que ser explorado por ambos e que é preciso preencher de conteúdo cristão, os costumes, as leis, a moda, os meios de comunicação, as expressões artísticas. Todos os aspectos que palpitam no coração da batalha para a alegria da nova evangelização da sociedade e é o que nos pede o Santo Padre Papa Francisco;

Cultivar a devoção e a leitura da Palavra;

Permanecer e perseverar nas atividades da igreja que mantém viva nossa fé no Cristo Jesus.

f)  De que modo as Igrejas locais e os movimentos de espiritualidade familiar souberam criar percursos exemplares?

R.: Mantendo retiros paroquiais e atividades que envolvem a família, para, através da formação, despertar uns nos outros a valorização de uma vida saudável e fiel a Deus;

– Graças ao Espírito Santo que move e conduz a Igreja;

– Muitos dos nossos sacerdotes sabem criar recursos exemplares, sendo afáveis, educados e disponíveis para dedicar seu tempo aos outros, às pastorais, movimentos familiares, movimentos de jovens, sabendo apresentar-se bem e fazendo-se agradáveis na luta de cada cristão, mostrando um especial interesse para com as pessoas, a quem atendem espiritualmente, aprofundando na sua formação doutrinal-religiosa, com cursos bíblicos e encontros de formação. Portanto, vemos o esforço dentro das suas próprias limitações para que cada fiel descubra, através do seu comportamento pessoal, o rosto do Senhor;

Já os movimentos de espiritualidade familiar contribuem também na formação aos casais a ensinar os filhos a viver com sobriedade. É difícil, mas é ensinado aos pais a serem valentes, agir com coragem e firmeza. Porém, o modo mais eficaz de transmitir é o exemplo, em especial às crianças, pois só entenderão a grandeza da virtude quando observarem como seus pais renunciam a um capricho por amor a eles, ou sacrificam o próprio descanso para atendê-los, para acompanhá-los, para cumprir a missão de pais. Cuidar para que haja sempre a temperança entre casais, nosso Papa emérito Bento XVI diz que, o mundo de hoje, necessita de mulheres e homens que ofereçam na sua conduta quotidiana, o testemunho silencioso e heroico, e que vivam o Evangelho, cumprindo o seu dever de Igreja doméstica. Assim sendo, a família que busca a santidade, a vida de união com Cristo, conhecimento da doutrina e uma vida litúrgica e sacramental alimentará de auxílios espirituais sua família;

É missão da família, com paz e perseverança, levar a boa nova de Jesus, evitar a ignorância religiosa por meio da difusão da doutrina revelada, propagar ardentemente a Verdade de Cristo, fazer com que outros participem do tesouro que receberam, de modo que experimentem que não há nada de mais belo do que conhecê-Lo e comunicá-Lo.

g) Qual é a contribuição específica que casais e famílias conseguiram oferecer, em ordem à difusão de uma visão integral do casal e da família cristã, hoje credível?

R.: Através, sobretudo, do testemunho das famílias que se dedicam com amor à Igreja e mostram que a vida familiar vale a pena;

Através da forma como os pais criam e educam seus filhos e atuam na sociedade e no trabalho;

João Paulo II insistia em que o mundo exige evangelizadores credíveis, cuja vida, em sintonia com a Cruz e a Ressurreição de Cristo, irradie a beleza do Evangelho a cada batizado, enquanto testemunha de Cristo, deve obter a formação adequada à sua condição, não só para evitar que a fé definhe por falta de cuidado num ambiente hostil como é o do mundo, mas também, para dar apoio e impulso ao testemunho evangelizador;

É necessário ter iniciativa, ir ao encontro das pessoas e oferecer a amizade, ajudá-las na sua procura de Deus, respeitando e defendendo a intimidade e sua a liberdade. Jesus atua em nós, então temos que nos mover, e desejar servir com nosso exemplo, com nossa palavra, sendo assim ao mesmo tempo elas nos enriquecerão com a sua amizade.

h) Que atenção pastoral a Igreja mostrou para sustentar o caminho dos casais em formação e dos casais em crise?

R.: A CNBB criou vários dispositivos no Brasil, tanto através da formação de agentes, quanto pela estruturação da pastoral familiar em setores que cuidam carinhosamente de cada tipo e momento da família;

Para os casais em formação tem-se insistido na formação dos jovens e nos encontros de namorados antecipando-se à preparação do matrimônio;

Quanto aos casais em crise, entendemos que a Igreja precisa dar maior subsídio aos leigos, a fim de melhor atuarem neste sentido na recuperação da família. Vemos que o trabalho existente hoje não atende à demanda necessária;

O que existe para este fim é um trabalho da pastoral familiar, na promoção de uma espiritualidade com as visitas a casais em crise, com o propósito de ajudar as famílias a aproximarem-se de Deus, Criador e Redentor. Mostra-se a necessidade de os casais participarem dos desígnios salvíficos, e de aprofundarem na sua vida a amizade com Cristo. Além das práticas de piedade instituídas pela Igreja, recomenda-se aos casais viverem o espírito de fé para enfrentar e dar sentido à própria vida, fundamentando-se na palavra de Deus e na participação dos sacramentos da Igreja, juntamente com outros casais, para que sejam fortalecidos em sua união. Sobre esse esforço acontece todo o trabalho de evangelização e conversão, com o desejo de ver cada vez mais famílias restauradas. Esta ajuda espiritual que a equipe restauradora das famílias desempenha facilita a unidade de vida, aproveitando as situações concretas em que se encontram os casais em crise para convertê-las em ocasião e meio de santificação, atuando sempre com a mais plena liberdade pessoal e familiar. A conversa fraterna, a que chamamos também confidência, precisamente pelo seu caráter interpessoal cheio de confiança, faz com que os casais se abram a um verdadeiro diálogo, pois sabem da seriedade, do compromisso e do sigilo de tal partilha. É uma conversa de direção espiritual, que se situa no contexto fraterno, para viver a fundo, com liberdade e responsabilidade, levando os casais atendidos a terem um encontro com Cristo no meio de tais tribulações, os encaminhado para a meta da santificação. Essa atenção situa-se no âmbito do conselho para ajudar a progredir na vida cristã. Os casais que atendem a essas conversas fraternas atuam sempre com delicadeza extraordinária, fruto da preocupação exclusiva pela vida interior, sem jamais pretenderem influir um sobre o outro, mas movidos pelo desejo de se ajudarem e se fortalecerem para serem melhores cristãos. Nestes casos, sempre se reza e se pede a luz ao Espírito Santo para direcionar e discernir o assunto. Como dissemos anteriormente, é guardado rigorosamente o sigilo e completamente salva a identidade de quem se trate. Enfim, a atenção pastoral aos casais em crise, que o Evangelho e a Liturgia trazem à nossa existência, não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera fatos e muda a vida.

4 – Sobre a pastoral para enfrentar algumas situações matrimoniais difíceis

a) A convivência ad experimentum é uma realidade pastoral relevante na Igreja particular? Em que percentagem se poderia calculá-la numericamente?

R.: Há alguns anos já se percebe – principalmente entre os jovens – a existência de uma “nova mentalidade” sobre a forma de vida a dois, o que chamam de “teste drive”, ou seja, optam por morar juntos, para verem se a relação vai “dar certo” ou não, e é uma realidade bastante expressiva nas diversas comunidades.

Provavelmente, o sexo antes do casamento é a norma, não a exceção. Não temos pesquisas realizadas em nossa Diocese, mas com certeza, fomos despertados a propor a realização de um estudo sério, com ajuda de profissionais competentes na área, essa deve ser uma preocupação da Igreja como um todo.

b)  Existem uniões livres de fato, sem o reconhecimento religioso nem civil? Dispõe-se de dados estatísticos confiáveis?

R.: As uniões livres, sem o reconhecimento religioso são bastante expressivas, sendo que uma boa parte delas também não tem reconhecimento civil, em função de impedimentos pessoais e até de desinteresse dos casais. Não dispomos de dados estatísticos locais, mas essa resposta muito nos interessa, até para definirmos melhor nosso fazer missionário.

c) Os separados e os divorciados recasados constituem uma realidade pastoral relevante na Igreja particular? Em que percentagem se poderia calculá-los numericamente? Como se enfrenta esta realidade, através de programas pastorais adequados?

R.: Os casais separados e os divorciados que contraíram uma segunda união, aparentemente, é uma realidade menos expressiva do que os casais que optaram por uma convivência ad experimentum, mas estes têm aumentado a cada dia.  Algumas Paróquias da nossa Diocese possuem grupos de acolhimento a casais de 2ª união. Em 27/09/1998, realizou-se o 1º Encontro de Casais em 2ª União “Bom Pastor”, experiência pioneira na Paróquia São Judas Tadeu, que já se estendeu por outras paróquias, trabalho que tem sido referência no Leste 2 e no Brasil.  Concordamos que a acolhida fraterna a todos, sem distinção, deve ser o primeiro passo, mas apesar de todo empenho e trabalho nesse setor, percebemos que os números ainda sejam tímidos, pela falta abertura de alguns padres e até mesmo de leigos.  Algumas paróquias não possuem nem mesmo a Pastoral Familiar constituída e organizada em seus três setores.

No entanto, para se qualificar, de forma adequada, essa questão, talvez seja necessário recorrer aos dados do último censo do IBGE ou – por ser mais prático – realizar uma pesquisa entre os membros das diversas comunidades, o que possibilitaria a criação de um banco de dados e de informações mais ricas em termo da realidade de nossas famílias e do perfil de nossas comunidades.

d) Em todos estes casos: como vivem os batizados a sua irregularidade? Estão conscientes da mesma? Simplesmente manifestam indiferença? Sentem-se marginalizados e vivem com sofrimento a impossibilidade de receber os sacramentos?

R.: As pessoas que vivem nesta condição não seguem uma regra geral. Algumas são batizadas, outras não.  Isso depende do nível de conscientização da família e das realidades da comunidade onde estavam ou estão inseridas. Algumas dessas pessoas gostariam de mudar de realidade e, às vezes, se sentem marginalizadas e abandonadas pela Igreja e pela comunidade.  Naquelas que têm consciência da situação em que vivem – diante da Igreja e dos mandamentos da lei de Deus – há um sofrimento muito grande pela impossibilidade de receber os sacramentos, principalmente a Eucaristia e a Reconciliação. Outras são indiferentes a tudo. Serem ou não serem batizadas não faz a menor diferença para elas.

Existem várias situações, a grande maioria desconhece as irregularidades. Há também os que as conhecem, mas se acham acima da lei e das orientações da Igreja, demonstrando indiferença. Outros ainda se fazem de marginalizados, mudam de denominação religiosa, por não se sentirem acolhidos ou esclarecidos diante da situação.

e) Quais são os pedidos que as pessoas separadas e divorciadas dirigem à Igreja, a propósito dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação? Entre as pessoas que se encontram em tais situações, quantas pedem estes sacramentos?

R.: Os principais pedidos feitos pelas pessoas separadas e divorciadas estão relacionados à possibilidade de batizarem os filhos, participarem da Eucaristia e poderem ser testemunhas (padrinhos) de amigos e familiares que procuram os sacramentos de Batismo, Crisma e Matrimônio.

Para os que estão perseverantes na caminhada já há um grande engajamento nas pastorais e movimentos, mas onde o trabalho não se efetivou há ainda a falta de conhecimento, discriminação e orientações destorcidas do Magistério, inclusive por parte do clero, que não tem unidade nas orientações e informações, confundindo os casais que vivem essa realidade.

Esta tem sido a razão pela qual queremos chegar a todos com profunda alegria, singela colaboração e humilde desejo de que juntos possamos ajudar e iluminar a tantos que, vivendo confundidos, não sabem que caminho tomar diante da realidade conhecida como “Casais em Segunda União”. São famílias que precisam da nossa compreensão, do nosso conselho, de nosso apoio, mas especialmente de um justo discernimento. Está em jogo a consciência reta, e, por que não dizer, o caminho rumo à salvação.

Precisamos entender a proposta de acolher a todos de forma que ninguém se sinta distante da comunidade eclesial, daí a importância de que juntos, pastores e agentes de Pastoral Familiar, possamos estar suficientemente qualificados no conhecimento daquilo que o Magistério nos vem oferecendo ao longo de tanto tempo.

Após 32 anos de publicação da Exortação Apostólica Familiaris Consortio e 20 anos da Carta às Famílias, ambas do papa João Paulo II, temos a convicção de que ainda há muito a ser feito e muito desafios a serem superados.

É inegável o avanço do pensamento da Igreja em relação aos casais separados que contraem uma segunda união, visto que em tempos anteriores a atitude da Igreja era de repúdio e exclusão, o que levava a sociedade, tendo a igreja como paradigma, a agir da mesma forma.

Cabe à Teologia e aos Agentes da Pastoral Familiar, comprometidos com a causa da família, observando os sinais dos tempos e iluminados pelo Espírito Santo, auxiliar o Magistério, superar os desafios e encontrar o caminho para transformar essa realidade.

Há 15 anos trabalhando com os casais em Segunda União, de nossa Diocese, temos sido surpreendidos por fatos e/ou situações que evidenciam desinformação, desinteresse, descompromisso e pela ausência de orientações claras e precisas, baseadas na verdade, e de agentes bem preparados, conhecedores das orientações do Magistério, para atuar na Pastoral Familiar – Setor Casos Especiais.

f) A simplificação da praxe canônica em ordem ao reconhecimento da declaração de nulidade do vínculo matrimonial poderia oferecer uma contribuição positiva real para a solução das problemáticas das pessoas interessadas? Se sim, de que forma?

R.: Simplificar qualquer tipo de processo pode trazer benefícios para TODOS. Em se tratando de nulidade do vínculo matrimonial, a simplificação precisa ser estudada com muito cuidado para não se tornar uma ferramenta que poderia ser muito mal utilizada pelos casais, contribuindo para o aumento de separações matrimoniais.

A burocracia, a demora e a onerosidade fazem com que muitos casais se sintam desestimulados para buscarem tal processo.

Facilitando os trâmites da documentação necessária, reduzindo os custos e capacitando pessoas da comunidade para darem as orientações necessárias aos envolvidos poder-se-ia contribuir para regularizar alguns casos existentes.

O recurso oferecido pela Igreja para a realidade do casal em segunda união, que é o Tribunal Eclesiástico, instrumento competente no exame objetivo da validade ou não do matrimônio dos católicos, merece da parte dos Pastores e agentes da Pastoral Familiar maior divulgação. O Documento de Aparecida, texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, de 2007, em seu capítulo IX, Família, Pessoas e Vida orienta que a mensagem de salvação chegue a todos e que é urgente estimular ações eclesiais, com trabalho interdisciplinar de teologia e ciências humanas, que ilumine a pastoral e a preparação de agentes especializados para o acompanhamento desses irmãos; e sugere que diante das petições de nulidade matrimonial, há de se procurar que os Tribunais eclesiásticos sejam acessíveis e tenham atuação correta e rápida essa é a grande esperança dos casais que buscam resolver sua situação.

g) Existe uma pastoral para ir ao encontro destes casos? Como se realiza esta atividade pastoral? Existem programas a este propósito, nos planos nacional e diocesano? Como a misericórdia de Deus é anunciada a separados e divorciados recasados e como se põe em prática a ajuda da Igreja para o seu caminho de fé?

R.: Sim, temos a Pastoral Familiar estruturada e organizada, em nossa Diocese, em seus três setores (Pré, Pós e Casos Especiais), mas infelizmente, ainda não temos sua implantação efetiva em todas as Paróquias e em algumas que divulgam a existência da Pastoral Familiar, não tem ainda o trabalho de acolhida fraterna aos casais em 2ª União, apesar, de, conforme já informamos termos o trabalho pastoral com o Grupo “Bom Pastor” há quinze anos.

São vários os programas a este propósito e muitas experiências pelo Brasil; a Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), organismo vinculado à Comissão Episcopal para a Vida e a Família CEPVF/CNBB consta de material riquíssimo a ser utilizado pelos interessados; em nossa Diocese temos através do Setor Casos Especiais/ Pastoral Familiar Diocesana, o “Guia Diocesano de orientações aos Casais em 2ª União”, publicado quando das comemorações dos dez anos de implantação do trabalho em nossa Diocese, já está em sua 2ª edição e disponível aos que buscam as orientações por todo o Brasil.

O INAPAF – Instituto Nacional da Família e da Pastoral Familiar – através do Núcleo de Formação e Espiritualidade da Pastoral Familiar em nossa Diocese já qualificou aproximadamente cem agentes, através das Fases 1, 2 e 3 , com oito módulos cada, trabalho riquíssimo que deveria ser mais valorizado e divulgado amplamente.

Sobre o anúncio da misericórdia de Deus aos separados e divorciados já foram realizados vários encontros paróquias de um dia com uma pedagogia e metodologia próprias, seguindo as orientações da Igreja e de modo muito especial a Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, já realizamos seis encontros diocesanos, de um final de semana, iniciando na sexta-feira à noite e encerrando no domingo, para os casais já inseridos na caminhada e que já vivenciaram o encontro paroquial de um dia, esse é o critério estabelecido para inscrição nas paróquias. (Seguem anexos os modelos dos encontros realizados); Retiros Espirituais de Encontro com a Divina Misericórdia vem também sendo realizados pelo Setor Casos Especiais, experiências que tem propiciado muita abertura, transformação e conversão de corações e é o Setor, que se bem organizado nas Dioceses, que possui formas de se chegar a essas pessoas e fazer a catequese, de forma adequada, aos casais em 2ª união.

Entendemos que é urgente a necessidade de capacitar multiplicadores para apoiar estas iniciativas em toda a diocese. O Papa Francisco tem se demonstrado “incomodado” e intolerante com a indiferença das comunidades leigas e eclesiais para com esse grupo de pessoas.

Apesar dos avanços observados, é oportuno refletir que a pessoa que busca a comunhão, não busca somente a remissão dos pecados e a união com Cristo e a comunidade, busca também o direito de ser feliz novamente. Deus é fiel e a sua aliança com a humanidade jamais será desfeita, mesmo o homem com suas imperfeições, diversas quedas e fraqueza moral. Ele não aprova o pecado, mas ama o pecador em toda a vida, promovendo sempre situações para a sua remissão e salvação. Sendo Cristo a comunhão verdadeira, ele admitiu em sua comunhão a pecadora que seria apedrejada, a samaritana de “vários” maridos, o publicano Mateus e Zaqueu, isto sem nunca impor-lhes condições para o perdão, pela sua maneira de ser e viver, Ele transformava o jugo pesado em suave e leve, simplesmente Ele amava e lhes falava “vá e não peques mais”.

Esperamos que esse momento especial, em que a Igreja prepara a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, em 2014, tendo como tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”, seja oportunidade para uma reflexão séria e comprometida a respeito da postura da Igreja frente à realidade que nos cerca.

Os agentes do Setor Casos Especiais tem se debruçado e estudado muito a situação, abaixo uma sugestão de bibliografia:

CASAIS EM SEGUNDA UNIÃO – SERTOR CASOS ESPECIAIS – PASTORAL FAMILIAR – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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5 – Sobre as uniões de pessoas do mesmo sexo

a) Existe no vosso país uma lei civil de reconhecimento das uniões de pessoas do mesmo sexo, equiparadas de alguma forma ao matrimônio?

R.: Se considerarmos o termo “lei” expresso na pergunta como referência a uma norma regularmente votada em uma casa legislativa competente, que tenha tramitado com observância do devido processo legislativo, afirmamos que não. Entretanto, é fato que o STF proferiu decisão recente estendendo aos integrantes desse tipo de relação o “status” jurídico de verdadeiros cônjuges. Ocorre que, em nosso sistema jurídico o STF não legisla. De sorte que, por mais amplo que seja o alcance do pronunciamento em testilha não tem o mesmo a “força” cogente de uma lei.

b) Qual é a atitude das Igrejas particulares e locais, quer diante do Estado civil promotor de uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, quer perante as pessoas envolvidas neste tipo de união?

R.: Diante do estado civil promotor de uniões civis os católicos operadores do direito (advogado, Juízes, promotores etc) há que pronunciar-se acerca da insegurança jurídica que representa a indiscriminada adoção do posicionamento do STF como base para a convolação de “núpcias”. Afinal, uma coisa é reconhecer os direitos patrimoniais, previdenciários e seus reflexos nos aspectos da vida civil dos conviventes, outra é conceder a equiparação de tais relações ao casamento regularmente levado a efeito. No que tange à atitude a ser adotada perante as pessoas envolvidas neste tipo de união convém lembrar que as destinatárias da evangelização são as pessoas e não a forma com que se relacionam. Nesse sentido, elas deverão ser acolhidas, amadas e orientadas de forma respeitosa e destituída de preconceitos. Contudo, a igreja não deve fazer qualquer concessão no que tange à moral e a doutrina articulada por seu magistério.

c)  Que atenção pastoral é possível prestar às pessoas que escolheram viver em conformidade com este tipo de união?

R.: Estruturação de grupo de partilha e discussão que em um primeiro momento favorecerão o encontro dos integrantes deste com o restante da igreja. Até porque, precisamos ainda entender de uma maneira mais clara quais as causas desse fenômeno. Assim, melhor conhecendo é possível melhor atuar. Por outro lado, não se deve nunca privá-los dos sacramentos que lhes são possíveis ministrar e da assistência pastoral e fraternal quando demandarem.

d) No caso de uniões de pessoas do mesmo sexo que adotaram crianças, como é necessário comportar-se pastoralmente, em vista da transmissão da fé?

R.: Acreditamos que a função da igreja é acolher a criança, assim como acolher hoje os filhos de pais não casados, utilizando-se talvez os mesmos critérios destes, como por exemplo, orientar que os padrinhos sejam casados, para garantir a transmissão da fé. Sabemos que não estamos preparados para essa nova realidade e que temos grandes desafios pela frente. Ressaltamos que a influência da mídia no nosso país é intensa e, por isso, não consideramos defender ou aceitar como normal o que estão propondo como família, mas consideramos que essas pessoas dentro da igreja, têm melhor condição de conversão e, principalmente, de não se distanciarem de Deus, mas de se aproximarem da sua misericórdia.

6 – Sobre a educação dos filhos no contexto das situações de matrimônios irregulares

a) Qual é nestes casos a proporção aproximativa de crianças e adolescentes, em relação às crianças nascidas e educadas em famílias regularmente constituídas?

R. A pergunta nos remete à “proporção” de crianças e adolescentes que procuram a nossa igreja:

– Crianças para batizar – 70%

– Crianças para 1ª Eucaristia – 60%

A atual situação é bastante irregular, pois a família não obedece ao padrão tradicional de participação. Às vezes, o pai frequenta e a mãe não, ou vice-versa e, numa grande proporção, ambos simplesmente não frequentam.

b) Com que atitude os pais se dirigem à Igreja? O que pedem? Somente os sacramentos, ou inclusive a catequese e o ensinamento da religião em geral?

R.: A atitude dos pais é frequentemente de muita humildade, quando se trata dos sacramentos, principalmente para o Sacramento do BATISMO.

Quanto à catequese e demais ensinamentos da Igreja, o interesse é proporcionalmente menor.

c) Como as Igrejas particulares vão ao encontro da necessidade dos pais destas crianças, de oferecer uma educação cristã aos próprios filhos?

R.: Cremos que o instrumento de aproximação entre diocese e povo seja a PARÓQUIA, por isso, quanto mais a paróquia estiver em comunhão com a Diocese, mais se concretizam as normas e orientações do plano diocesano.

É necessário que a paróquia seja fiel ao cumprimento das orientações diocesanas, por exemplo, catequese, preparação de pais e padrinhos, normas para preparação do matrimônio, implantação de pastorais relacionadas à família e etc.

d) Como se realiza a prática sacramental em tais casos: a preparação, a administração do sacramento e o acompanhamento?

R.: Algumas de nossas paróquias procuram ser o mais fiel possível às orientações diocesanas, porém enfrentam grandes dificuldades, tais como:

– poucos agentes de pastoral (faltam catequistas);

– despreparo para assumir as funções ligadas à evangelização;

– dificuldade de participação nos eventos promovidos pela diocese, e os argumentos mais divulgados são os de sobrecarga de funções;

– O acompanhamento pós-sacramento ainda é um espaço de desafio muito grande em nossa diocese, a parceria entre os serviços, movimentos e pastorais necessita de uma atuação mais efetiva. Muitos são para nós os desafios: Como acompanhar as crianças, depois da 1ª Eucaristia? Como acompanhar os jovens crismados, ou mesmo os jovens casais recém-casados? O que fazer?

7 – Sobre a abertura dos esposos à vida

a)  Qual é o conhecimento real que os cristãos têm da doutrina da Humanae Vitae a respeito da paternidade responsável? Que consciência tem da avaliação moral dos diferentes métodos de regulação dos nascimentos? Que aprofundamentos poderiam ser sugeridos a respeito desta matéria, sob o ponto de vista pastoral?

R.: No que diz respeito ao conhecimento doutrinal a grande maioria dos cristãos católicos não o possuem, contudo, mediante os valores morais difusos, esses cristãos têm consciência do seu dever como pais na formação e manutenção de seu filho e filha dentro da fé cristã, dos valores humanos e do testemunho de vida dada por eles mesmos.

Em relação aos métodos de regulação dos nascimentos, os cristãos vivem numa condição de paradoxo: aceitam o que é veiculado no meio social e no âmbito da saúde, mesmo sabendo que possa ser rejeitado pela concepção cristã, como o uso de contraceptivos.

Seria necessária uma formação criteriosa e profunda sobre os diversos aspectos que envolvem a sexualidade humana e os propósitos da Igreja para o casal cristão. Podem-se realizar essas orientações na catequese, na pastoral da juventude, nos encontros de namorados, noivos e casais, de acordo com a necessidade e entendimento de cada grupo;

A formação doutrinária mais aberta aos valores morais e sociais acompanham o tempo e a realidade. Tem que ser uma formação sem banalidades, realizando debates com apoio e orientação do clero, que inclusive tem autoridade e obrigação de contribuir com esta formação.  Virgindade, controle de natalidade, aborto, homossexualismo, são alguns enfrentamentos da Igreja para assuntos polêmicos atuais. A pastoral, diante deste contexto, poderia sugerir, diante do mundo contemporâneo, bem como solicitar às autoridades eclesiásticas que incentivem dentro das universidades católicas pesquisas que possam contribuir para uma solução mais humana da questão em tela.

b) Esta doutrina moral é aceite? Quais são os aspectos mais problemáticos que tornam difícil a sua aceitação para a grande maioria dos casais?

R.: É pouco aceita. Os aspectos psicológicos e econômicos são os mais difíceis de serem enfrentados, pois as tendências dos instintos e das paixões não são dominadas pela razão, além disso, financeiramente, os casais têm muitas dificuldades em criar os poucos filhos que têm. Vivemos, ainda, problemas graves de doenças sexualmente transmissíveis e o estímulo do Estado com cartilhas e máquina de camisinha que favorece o uso e a liberdade ao sexo.

c) Que métodos naturais são promovidos por parte das igrejas particulares, para ajudar os cônjuges a pôr em prática a doutrina da Humanae Vitae?

R.: A Pastoral Familiar em nível nacional e regional realiza congressos de formação com conteúdo próprio e profissionais da área, porém, são para poucos e a falta de recursos próprios de formação do leigo dificulta a participação e a formação em massa. Essa formação também precisa ser estendida ao clero que tem um papel fundamental de formador de opinião.

Para a divulgação e ensinamento do Método Billings, por exemplo, um método natural aceito pela igreja, é necessário que pessoas interessadas sejam formadas, para que repassem o conteúdo e acompanhem outros casais, difundindo essa prática na igreja. No entanto, pouquíssimos casais se interessam pelo método e por ensiná-lo a outras famílias.

d) Qual é a experiência relativa a este tema na prática do sacramento da penitência e na participação na Eucaristia?

R.: Em relação ao sacramento da penitência e na participação da Eucaristia, muitos casais não se sentem culpados em utilizar métodos artificiais ou esterilização. Apenas em relação ao aborto consideram essa prática como falta grave e imoral.

e) Quais são, a este propósito, os contrastes que se salientam entre a doutrina da Igreja e a educação civil?

R.: A educação civil incentiva largamente o controle de natalidade com uso de todos os métodos anticoncepcionais existentes e a Igreja ensina que a única forma lícita de se postergar o nascimento de um filho é o recurso de limitar as relações conjugais aos períodos infecundos, segundo o ciclo de fertilidade da mulher.

Temos que salientar também que vivemos uma cultura de morte em que até a ONU incentiva e determina prazo para os países liberarem o aborto, enquanto a doutrina da Igreja é exposta de maneira ainda não tão contundente, faltam-nos orientações claras, objetivas e embasadas.

f) Como promover uma mentalidade mais aberta à natalidade? Como favorecer o aumento dos nascimentos?

R.: Promovendo uma educação que favoreça a paternidade responsável e combata o egoísmo, egocentrismo, contribuindo para uma boa formação familiar ressaltando o ser e não o ter.

Na promoção de retiros e encontros voltados para os jovens e futuros casais, insistir na preparação e na formação contínua a respeito da igreja doméstica, para que, assim, haja uma valorização da perpetuação da espécie e da fé, dentro de uma cultura da promoção da vida.

Como favorecer o aumento dos nascimentos?

Conscientizar os casais da importância da vida desde a concepção até a morte natural. Uma forma é a criação da Comissão em Defesa da Vida em todas as dioceses e paróquias.

Quanto ao aumento dos nascimentos para os casais ditos “normais” vivemos um paradoxo, pois há casos em que os filhos são criados pelos avós, há outros casos de adolescentes imaturos sem a menor condição de gerar e educar filhos, entre outros. Em caso de casais que não querem viver a paternidade ou querem ter o mínimo possível de filhos, existe uma situação complicada, pois vários preferem cuidar de animais domésticos do que, gerar um filho, cria-lo e educa-lo, mas voltamos à necessidade de consciência e evangelização da família no plano de Deus e social.

8 – Sobre a relação entre a família e a pessoa

a) Jesus Cristo revela o mistério e a vocação do homem: a família é um lugar privilegiado para que isto aconteça?

R.: Embora existam outros espaços para reconhecer e desenvolver vocações, é em Família, a primeira célula em que uma pessoa se insere sendo pela convivência levada ao aprendizado que desenvolve a sua formação bio-psico-social. É a partir do convívio no seio familiar, que ocorre a preparação da pessoa para o estabelecimento da relação com a sociedade em que se vive. Este relacionamento leva a pessoa a desenvolver aspectos vocacionais de futuros papeis sociais tais como: o de ser pai, o de ser mãe, o de ser filho e mesmo dês ser um cidadão que tenha o seu valor na sociedade em que vive. A vocação Familiar se desenvolve e se consolida através do ensinamento religioso que tem importante papel na formação da pessoa como um todo. É na Família onde começa a ser edificada a Igreja, com incentivo de estar presentes nas missas, catequese e batismo, etc. No entanto nem todas as famílias são despertadas para vivenciar a experiência de vida em Jesus Cristo.

b) Que situações críticas da família no mundo contemporâneo podem tornar-se um obstáculo para o encontro da pessoa com Cristo?

R.: Cada vez mais a sociedade vem caminhando para o consumismo, o poder e o individualismo. O Ter vem sobressaindo as Ser e com isto a relação entre as pessoas se torna competitiva e frágil, muito distantes do espírito cristão.

O homem moderno não tem tempo para a família, terceiriza a educação dos filhos e entende que com dinheiro tudo vai bem.  Assim os filhos crescem sem a proximidade dos pais, não tendo quem lhes eduquem e passam os valores éticos e morais, tão necessários no decorrer da vida. Estes filhos se tornam carentes de Amor e convívio familiar, o que leva a dificuldade em se consolidarem em família. Muitas vezes se expondo a uma vida, em desvio social. Como a diversidade, o mercado e a mídia no geral coloca o ser humano como produto, mercadoria, servindo ao lucro dos grandes. Isto é abandono e é incompatível com o Evangelho de Jesus Cristo que traz a radicalidade do amor de deus por cada um de nós.

c)  Em que medida as crises de fé, pelas quais as pessoas podem atravessar, incidem sobre a vida familiar?

R.: A fé, embora ainda não a compreendamos é intrínseca à nossa natureza. Mesmo em família estruturada e embasada nos ensinamentos de Jesus Cristo existem momentos em que pessoas passam por crises de fé e com o risco de contaminar e abaular a fé de outros membros da família. Crises não significam a perda da fé e sim desequilíbrio decorrente de dificuldade de ordem familiar que se associa a alguma distância de Deus. As incertezas e as dúvidas do ser humano quanto ao amor incondicional de Deus levam as pessoas à perda da intimidade com Deus.

Para a manutenção da fé é necessário que se busque constantemente a Palavra os sacramentos e a oração.

9 – Outros desafios e propostas

Existem outros desafios e propostas a respeito dos temas abordados neste questionário, sentidos como urgentes ou úteis por parte dos destinatários?

Seguem nossas considerações:

  • Com o questionário, a Igreja terá um retrato ad-intra, mas e no contexto ad-extra, o que dizem?
  • Em se tratando de Tribunais Eclesiásticos, os Bispos deveriam ter uma maior autonomia nos casos relacionados às suas Dioceses, o que agilizaria os processos;
  • Precisamos fomentar uma formação adequada em todos os níveis se queremos de fato dialogar com a modernidade;
  • O preconceito, principalmente os ligados a temas polêmicos, nos impedem de ser uma Igreja mais acolhedora, misericordiosa e fraterna. Não foi esse o caminho proposto por Jesus Cristo.
  • A Igreja precisa, urgente, ter uma palavra de orientação aos casais em segunda união, pois há ainda muitas dúvidas e desinformações sobre a situação de tantos, que disseram SIM diante do altar do Senhor, mas se viram posteriormente diante da situação da separação, das dores, das chagas, das feridas, das marcas profundas.

Segundo a Rádio Vaticano – a voz do Papa e da Igreja em diálogo com o mundo – O papa Francisco declarou aos jornalistas, durante o voo de volta ao Vaticano, após a Jornada Mundial da Juventude, em julho deste ano, no Brasil, já ser hora de um novo kairós ou de um tempo de compaixão para os divorciados que vivem em segunda união e são excluídos dos sacramentos. “O problema, para eles, não pode ser reduzido apenas à questão de participar ou não da comunhão”.

É um trabalho com características próprias, que deve caminhar devagar, sem pressa, com responsabilidade, compromisso e dedicação, pois é um fazer missionário exigente, um trabalho pastoral de misericórdia e de acolhida fraterna, mas não pode sacrificar a verdade. A verdade por si mesma é misericórdia, pois ela liberta e salva: “Se permanecerdes na minha Palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, disse Jesus (Jo 8, 31-32).

Espera-se que haja de fato uma abertura de coração e um verdadeiro seguimento a Jesus Cristo, o “Bom Pastor”, quem sabe, uma reflexão séria e uma flexibilidade sobre o assunto, a “Lei” não pode ser maior do que o homem e muito menos ser relativizada, talvez devêssemos seguir e adotar as linhas da tradição da Igreja Católica Ortodoxa, que admite uma nova chance de matrimônio para os divorciados, sem negar a riqueza do sacramento do matrimônio.

Agradecemos a Deus a oportunidade e invocamos à Sagrada Família de Nazaré que interceda pelos bons frutos do Sínodo da Família e que o Espírito Santo de Deus continue conduzindo nossa Igreja.

Comissão Diocesana para o Sínodo da Família

 

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