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Dom Oscar Romero: um mártir da América Latina beatificado nesse sábado (23)

O arcebispo de San Salvador, dom Oscar Arnulfo Galdámez Romero, foi beatificado nesse sábado, 23 de maio, durante missa presidida pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato. A estimativa é de que cerca de 250 mil fiéis participaram da celebração, que ocorreu na capital do país, em San Salvador.

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Em entrevista à Rádio Vaticano, o representante do papa disse que dom Romero “foi um sacerdote bom e um bispo sábio, mas sobretudo um homem virtuoso”. Disse, ainda, que o “papa Francisco resume bem a identidade sacerdotal e pastoral de Romero, quando o chama de bispo e mártir, pastor segundo o coração de Cristo, evangelizador e pai dos pobres, testemunha heroica do Reino de Deus, Reino de justiça, fraternidade e paz”.

Reconhecimento

No dia 3 de fevereiro deste ano, o papa Francisco autorizou a promulgação do decreto a respeito do martírio de dom Romero. A fase diocesana do processo de beatificação iniciou-se, ainda, em 1994. Dois anos depois, o processo foi encaminhado ao Vaticano.

O postulador da causa de beatificação do arcebispo salvadorenho é o presidente do Pontifício Conselho para a Família, dom Vincenzo Paglia. “Romero deveria ser beatificado sob o pontificado do primeiro papa latino americano. Hoje consigo entender em profundidade o porquê de tantos atrasos: Deus esperava pelo papa Francisco”, disse dom Paglia, ao embarcar para El Salvador, no mês de março, onde encontrou-se com o presidente da República, Salvador Sánchez Cerén, e com membros do clero local.

A notícia da beatificação foi recebida com alegria pelo povo de El Salvador. De acordo com o porta-voz da beatificação, padre Cesar Sanchez, o país “explodiu de alegria”.   Ao citar a mazela da violência na região nos dias de hoje, por meio da deliquência, padre Sanchez destacou que “a luta de Romero é mais atual do que nunca” e que a beatificação é  “uma graça especial para este pequeno e sofrido país”.

História e martírio

Nascido em 15 de agosto de 1917, em Ciudad Barrios, em El Salvador, Oscar Romero foi para o seminário aos 13 anos. Concluiu o curso de Teologia em Roma, quando tinha 20 anos. Sua ordenação sacerdotal aconteceu em 1943.

De volta ao seu país, o então pároco já demonstrava os sinais da caridade e preferência pelos mais necessitados. Fazia parte de sua rotina as visitas aos doentes, as ajudas aos pobres que se dirigiam à casa paroquial pedindo auxílio, as aulas de religião nas escolas e a atuação como capelão do presídio.

Assim como no Brasil e em outros países latino-americanos, El Salvador enfrentava, na década de 1970, um regime ditatorial. Neste contexto, em 1977, Romero foi nomeado arcebispo do país, dois anos antes do golpe militar que deu origem à guerra civil que assolou El Salvador por mais de uma década e fez milhares de vítimas.

O arcebispo denunciava a injustiça e a miséria na região. Durante os conflitos entre grupos revolucionários e militares, ele criticava a atuação do governo, as injustiças e as interferências estrangeiras.

Na ocasião de seu assassinato, dom Romero celebrava uma missa na capela do Hospital da Divina Providência, em San Salvador, capital do país, em meio aos enfermos e enfermeiros. Um franco-atirador pós fim à luta do pastor que buscava o entendimento entre os salvadorenhos.

CNBB com informações da Rádio Vaticano.

Beato Óscar Romero: o perfil de um mártir da paz

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Tem lugar neste sábado dia 23 de maio em El Salvador a beatificação de D. Oscar Romero que foi assassinado a 24 de março de 1980. A propósito deste importante e significativo acontecimento a redação brasileira da RV preparou um perfil deste bispo e mártir que aqui publicamos:

Oscar Arnulfo Romero nasceu em agosto de 1917 numa família modesta em Ciudad Barrios (El Salvador). Aos 14 anos, ingressa no seminário, mas seis anos depois afasta-se para ajudar a família que estava com dificuldades. Passa a trabalhar nas minas de ouro com os irmãos. Retoma os estudos e é enviado para Roma para estudar teologia, na Universidade Gregoriana. Romero é ordenado sacerdote em 1942, regressa a El Salvador e assume uma paróquia do interior. Foi depois transferido para a catedral de San Miguel, onde fica por 20 anos. Sacerdote dedicado à oração e à atividade pastoral, dedica-se a obras de caridade, mas sem nenhum particular empenho reconhecidamente social.

Em 1970 é nomeado Auxiliar de San Salvador. O Arcebispo Luis Chávez y Gonzalez busca atualizar a linha pastoral de acordo com o Concílio Vaticano II e a Conferência de Medellín. Mas Romero não se identifica integralmente com a linha pastoral proposta. Em 1974 é nomeado bispo da diocese de Santiago de Maria no meio de um contexto político de forte repressão, sobretudo contra as organizações camponesas.

No ano seguinte, a Guarda Nacional executa cinco camponeses e D. Romero celebra missa pelas vítimas. Ele não faz uma denúncia explícita do crime, mas escreve uma carta severa ao presidente Molina.

Em 1977, D. Óscar Romero é nomeado Arcebispo de San Salvador. Pouco tempo depois, é assassinado o jesuíta padre Rutílio Grande, empenhado na luta do povo e ligado a D. Romero. Esse é o momento em que ele reavalia a sua posição e coloca-se corajosamente junto dos oprimidos, denunciando a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e económicos, apoiada pelos Estados Unidos da América. O Arcebispo denuncia também a violência da guerrilha revolucionária. As suas homilias são transmitidas pela rádio católica dando esperança à população e provocando a fúria dos governantes.

Em outubro de 1979, um golpe de Estado depõe o ditador Humberto Romero. Uma junta de civis e militares assume o poder, e nesse cenário, exército e organizações paramilitares assassinam centenas de civis (entre eles sacerdotes). A guerrilha responde com execuções sumárias.

Em fevereiro de 1980, D. Romero escreve ao presidente dos EUA, Jimmy Carter, um apelo para que ele não envie ajuda militar e económica ao governo salvadorenho e para não financiar a repressão ao povo. A 24 de março do mesmo ano, D. Oscar Romero é assassinado por um franco-atirador, enquanto celebrava a missa na capela do Hospital da Divina Providência em S. Salvador.

Para inúmeras comunidades cristãs do continente americano, Oscar Romero passou a ser considerado santo desde o dia do seu martírio. Chamam-lhe S. Romero da América Latina pelo seu empenho em favor da paz, sua luta contra a pobreza e a injustiça.

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