GRUPO DE JESUS
Ao ler um livro de título “Voltar a Jesus”, com a proposta de renovar paróquias e comunidades, logo pensei em tornar a público uma sugestão que o autor apresenta nas últimas páginas, em capítulo intitulado: “Uma proposta concreta: os grupos de Jesus”. Penso que o autor se inspira na afirmação com que se encerra a Constituição Dogmática Dei Verbum do Concilio Vaticano II: “Assim como a vida da Igreja cresce com a assídua frequência do Mistério Eucarístico, assim também é licito esperar um novo impulso de vida espiritual, do aumento de veneração pela Palavra de Deus …” (D.V. 26)
A proposta, penso que se inspira, em primeiro luga,r em At 2, 42: “Eles eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”. Certo é que a Palavra de Deus é a grande inspiradora da vida cristã, entendendo que essa não é, em primeiro lugar, uma mensagem a qual se deve aderir, mas antes de mais nada é “uma experiência que se tornou mensagem” (Eduard Schilebeeckx).
Os “Grupos de Jesus”, bem constituídos, contribuem para o conhecimento do seguimento de Jesus (“Sequela Christi”), chamados a fazer essa experiência que se torna mensagem renovando pessoas, pois não se implementa a renovação da sociedade, das suas estruturas, sem a renovação das pessoas, dos indivíduos e, consequentemente, das paróquias, das comunidades.
O próprio autor, apresenta-nos o objetivo do grupo: “O objetivo principal (…) é viver juntos um projeto de conversão individual e grupal a Jesus Cristo, aprofundando-se de maneira simples no essencial do Evangelho”. Importa, pois, conhece-Lo melhor, aderir a Ele, segui-Lo e fazer de Suas mesmas escolhas as nossas, para o bem da sociedade em que vivemos, uma vez que temos a certeza que o Evangelho tem resposta para as necessidades mais profundas das pessoas (EG,265).
O Grupo de Jesus (GJ) põe Jesus no centro, reúne-se em seu nome, pois “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles (Mt 18,20) ”. Os membros do GJ não abandonam a vida da paróquia ou algum empenho a que nela se dedicam. A proposta é que o GJ faça uma caminhada por uns cinco anos, sem se contaminar com a tentação do orgulho ou assumir um ar de superioridade. É por inspiração nos Santos Evangelhos que ele encontrará forças para transformar a sociedade, ser sal da terra, luz do mundo (Mt 5,13), fermento na massa (Mt 13,33), dando espaço ao Reino de Deus, à Civilização do amor.
Há que se evitar, conforme insistente pedido do atual Papa, o neopalagianismo, que não deixa espaço suficiente para a graça, para ação do Espirito Santo nos corações.
Trata-se, em primeiro lugar, de ler juntos os evangelhos, muitas vezes refletir, estudar, rezar e agir segundo as inspirações mediatizadas pelos textos. Tenha-se em mente o que o grande estudioso da Bíblia Lucien Cerfaux afirmava: “a maneira mais simples de se ler os Evangelhos é, muitas vezes, este é também o mais cientifico”.
Os GJs nascem da certeza de que, ainda hoje o Cristo tem tal poder de atração que leva seus membros a uma forte adesão e seguimento Dele. Daí naturalmente brota um efetivo compromisso de “buscar o Reino de Deus e sua Justiça” (Mt 6, 33). Assim, na trilha sugerida pelo atual Papa, cabe-lhes três grandes tarefas: o cuidado da vida, toda forma de vida; aproximação com os sofredores; o esforço para estabelecer uma sociedade mais humana, mais acolhedora.
Se meu irmão, minha irmã sentiu no fundo do coração – obra do Espirito Santo – um certo entusiasmo pela proposta, que tal conversar com o seu pároco e, com o apoio dele, formar um ou mais Grupos de Jesus na sua comunidade.
Que Deus o abençoe.
Por Dom Paulo Francisco Machado
Bispo diocesano de Uberlândia.
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