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Mosteiro Monte Alverne, das irmãs clarissas, celebrou Tríduo Pascal

A Igreja celebrou entre os dias dois e cinco de abril a o Tríduo Pascal – dando fim ao Tempo da Quarema e início ao Tempo Pascal.

No Mosteiro Monte Alverne das Irmãs Clarissas, localizado no bairro Planalto, em Uberlândia-MG, as celebrações do Tríduo foram presididas pelo Padre Baltazar Sallum. A Exaltação da Cruz contou com a presença de Monsenhor Gregório Maragna, Diácono Spiridon e, também, de um seminarista da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa Grega da Diáspora – Comunidade São Nectários e Bem Aventurado Iakovos – que é regida pelo Monsenhor Gregório. Monsenhor Gregório também participou das celebrações da Vigília Pascal e da Missa de Páscoa, no domingo pela manhã.

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A celebração do Tríduo Pascal tem início com a Missa da Ceia do Senhor, também conhecida como “Lava-pés”. Na sexta-feira a Exalação da Cruz e, no sábado, a Vigília Pascal, culminando com a Missa e as Vésperas no Domingo da Páscoa.

Na Missa da Ceia do Senhor, em sua homilia, Pe Baltazar destacou a importância do Tríduo Pascal, enquanto a celebração da morte, paixão e ressurreição de Jesus Cristo. Recordou também que a instituição da eucaristia celebrada nesta missa está diretamente ligada ao “lava-pés”, que está ligado à dimensão do serviço. Pe Baltazar destacou as palavras de Santo Irineu de Lion: “até mesmo o pão comum provindo da criação gera o Corpo de Cristo”. Quando alguém joga uma colher de arroz fora está jogando também o Corpo de Cristo, porque é uma sociedade de consumismo, uma sociedade de ganância, sublinhou.

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Já na Exaltação da Cruz, Pe Baltazar enfatizou o sacerdócio de Cristo, a partir de dois pontos do Evangelho de São João; o primeiro: a repartição das vestes de Cristo e a sorte lançada sobre Sua túnica – que de acordo com a profecia não poderia ser rasgada –, O outro ponto destacado é a presença de duas mulheres: Maria Madalena e Maria de Cléofas, além de sua mãe e do discípulo que ele amava. Destacou, ainda, que somente o malfeitor crucificado ao seu lado o proclama Senhor.

Em sua homilia, na noite da Vigília Pascal, Pe Baltazar discursou sobre o entrar no mistério, inspirado nas palavras de Papa Francisco. A seguir trechos da homilia:

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“Caros irmãos e irmãs, estamos celebrando a Solenidade da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta é uma noite de vigília, como disse na celebração da Vigília Pascal, Papa Francisco. Fazendo lembrar o grande Santo Agostinho que dizia:: “esta noite é mãe de todas as vigílias”. […] Disse o Papa Francisco “o Senhor vigia e com a força do amor faz passar o povo através do Mar Vermelho […] e faz passar Jesus através do abismo da morte, através do abismo da mansão dos mortos”. Foi uma noite de vigília para os discípulos e para as discípulas de Jesus. Noite de desolação, noite de medo. Os homens permaneceram fechados no cenáculo. As mulheres acordaram e ao alvorecer do dia, depois do sábado, foram ao sepulcro para ungir o Corpo do Senhor. Tinham o coração cheio de angústia e perguntaram: ‘como faremos para entrar? Quem fará rolar a pedra do sepulcro?’. Mas eis o primeiro sinal de um grande acontecimento: a pedra grande já fora removida e o novo estava aberto. […] entrando no túmulo viram um jovem sentado à direita vestido com uma túnica branca – as mulheres foram as primeiras a ver este grande sinal, o túmulo vazio. E foram as primeiras a entrar no sepulcro. Entrando no sepulcro um fato nos vem nesta noite de vigília: […] refletirmos sobre a experiência das discípulas de Jesus, que nos interpela a nós também. Realmente, para isto é que estamos aqui: para entrar, para entrar no mistério de Deus. No mistério que Deus realizou com a sua vigília. E ele fala: ‘não se pode viver a páscoa sem entrar no mistério. Não é um fato intelectual’. Às vezes a gente fica muito preocupado em ler as leituras se é para escutar. Leitura é para ouvir, meditar. Aí acontece esse inconveniente: de repente o folheto não tem. Necessário não ter a preocupação só intelectual. Não é só ler, conhecer. É mais, é muito mais! Entra no mistério significa capacidade de contemplação, capacidade de escutar o silêncio. E mundo de hoje precisa de muito silêncio. Até velhos e velhas, pra quem preferir idosos […] tem jovens velhos. Tem velhos, velhos também. […] A capacidade do silêncio, de ouvir um sussurro de um fio de um silêncio sonoro, que Deus nos fala. Ele faz referência lá no livro dos Reis, primeiro livro dos Reis: ‘Quando, depois de tantos barulhos na suave brisa, Elias se encontra com o Altíssimo’. Entrar no mistério requer de nós que não tenhamos medo da realidade, não nos fechemos em nós mesmos. […] Já disse o Papa Francisco: ‘às vezes é através do choro que a gente compreende certos mistérios’. Não nos fecharmos em nós mesmo, não nos fecharmos diante daquilo que não entendemos, não nos fechemos diante dos problemas […].

vigilia4Por isso, ele num encontro recente com o líder dos sem-teto do Brasil, que é mal visto pela imprensa – e a gente fica fugindo, não consegue entrar no mistério, porque ficamos preocupados com o barulho de notícias que são veiculadas com tendência. Entrar no mistério significa ir além da comodidade das próprias seguranças. […] Sair das seguranças. Além da preguiça e da indiferença […]. […] Se um pobre rouba, ele é punido. Mas se é um rico, não há punição. Isso vale não para um poder, mas para os poderes. E o mais escandaloso dos poderes no Brasil é judiciário, porque eles foram os primeiros nesta crise a pedir aumento dos seus salários. Então, a indiferença paralisa-nos. É pôr-se à procura da verdade, da beleza, do amor. Buscar o sentido não óbvio, uma resposta não banal, para as questões que põem em crise a nossa fé. A pouco tempo mudou, como é natural, o frei que ficava à frente da paróquia. Algumas pessoas fugiram de lá e foram para outros lugares. Estavam indo lá por causa do Cristo crucificado e ressuscitado, ou, por causa de um pecador como qualquer um de nós, que o somos? […] Para entrar no mistério, disse Papa Francisco, é preciso humildade, humildade de rebaixar-se, de descer do pedestal, do orgulho – tão orgulhoso –, da nossa presunção. […] Por isso as cerimônias de ontem e de hoje têm uma ligação, que é o humilhar-se para exaltar, por isso que ontem a cada oremos a gente se ajoelhava, mas quem está com Cristo está exaltado, por isso na vigília a cada oremos a gente se ergue. Reconhecendo o que realmente somos, pecadores com defeitos, pecadores necessitados do perdão. Para entrar no mistério é preciso esse abaixamento que é impotência, esse esvaziamento das nossas próprias idolatrias. Adoração, sem adorar não se pode entrar no mistério. Tudo isso nos ensinam as mulheres discípulas de Jesus, elas que estiveram em vigília naquela noite, juntamente com a mãe. E ela, a Virgem Mãe, ajudou-as a não perderem a fé nem a esperança. Não ficaram prisioneiras do medo. Mas nas primeiras luzes da aurora saíram levando nas mãos seus perfumes. E com o coração perfumado. […] Então, elas não ficaram prisioneiras do medo, mas elas levaram não o perfume certo, mas o perfume do amor. Saíram e encontraram o sepulcro aberto e entraram, vigiaram, saíram e entraram no mistério. […]”.

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Já na missa do Domingo de Páscoa, quem proferiu a homilia foi Monsenhor Gregório, denominando o Domingo Pascal como a festa das festas, a essência de nossa fé. Enfatizou a alegria pelo fato do Bispo da Igreja Católica Apostólica Grega da Diáspora, ter permitido a concelebração dos católicos ortodoxos com os romanos, uma vez que as igrejas seguem calendários distintos. Destacou a dimensão do perdão apresentada por São Paulo e a necessidade de se viver a proposta quaresmal – oração, jejum e caridade – constantemente, a fim de buscar as coisas do alto e nos prepararmos para o encontro definitivo com o Senhor. Chamou a atenção também para a proposta do amor apresentada pelo evangelista João, e que se não amamos o nosso irmão, não amamos a Deus, somos mentirosos. Por fim, conclamou a comunidade a testemunhar o Cristo ressuscitado, anunciando e apontando as injustiças.

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Por, Leandro Oliveira

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