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Mosteiro Monte Alverne reúne Católicos e Ortodoxos para celebrar o Natal

Estiveram reunidos membros da Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa da Diáspora Grega, na Capela da Imaculada Conceição, do Mosteiro Monte Alverne, em Uberlândia.

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A beleza da Solenidade da Natividade foi enriquecida pela fraterna e fecunda união de católicos romanos e ortodoxos, nas celebrações da noite (24) e do dia (25) de Natal.

As celebrações foram presididas por Padre Baltazar Salum, da Diocese de Uberlândia, e co-presididas por Padre Gregório, da Igreja Católica Ortodoxa.

Como recordou o Arcebispo de Constantinopla, Nova-Roma e Patriarca Ecumênico, Bartolomeu I, em sua mensagem para a Natividade deste ano, num tempo marcado pela fuga de várias pessoas de seus países de origem, seja por motivos étnicos, políticos ou religiosos, oportunamente celebramos o refugiado Menino Jesus.

Para escapar às intenções assassinas, o Menino Jesus, sobre quem anunciaram os Anjos, viu-se obrigado a emigrar para o Egito, tornando-se assim, diríamos numa terminologia atual, em um «refugiado político», juntamente com Maria, sua Mãe, a Santíssima Deípara, e seu esposo José. (BARTOLOMEU I, Mensagem de S. S. Bartolomeu I. Patriarca Ecumênico, para a Natividade de 2015)

Padre Baltazar Salum, em sua homilia, na Noite de Natal ressaltou três palavras que exprimem esta Solenidade: luz, justiça e paz. Recordou que Cristo, apesar de nosso pecado, que faz do nosso coração mal cheiroso, quer se acomodar nele e habitá-lo. Chamou a atenção também para o fato de que a encarnação do Cristo não nos torna uma elite, mas sim filhos e filhas de Deus e que mesmo os mais perversos ao assumirem o projeto de Deus encontram a redenção. Abaixo a íntegra de sua homilia.

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“[…] Em primeiro lugar a palavra luz <entre as trevas>, outra palavra destacada justiça e a terceira palavra paz. ‘O povo que andava nas trevas viu uma grande Luz’. Aquela criança que nasce na periferia da Galileia, em Belém. Foi gestada na região das trevas, na região da morte, na região dos imprestáveis como assim era entendida a Galileia – lá o Filho de Deus foi gestado. E nasce em Belém, minúscula cidade. Provavelmente uma meia-dúzia de casas. E a quem é anunciada aquela luz? – Aos pastores, são testemunhas do nascimento, porque exatamente parte daqueles jaziam nas trevas. Gente pobre, temida, discriminada, sem-teto. Aonde tivesse um pasto – e é até bom fazer um parêntese aqui – certamente não foi nesta noite, neste dia vinte e cinco que nasceu Jesus. Porque, de outra forma os pastores não poderiam ficar nesta região <lá é região de neve>. Isso foi escolhido para resgatar do paganismo, para voltar à Luz. Era quando se celebrava o deus pagão Sol. Mas neste mês o Evangelho de São Lucas, não somente fala de luz, como também no Evangelho de São João, mas fala também que: ‘o Sol nascendo veio nos visitar’. Aqueles pastores: aonde tivesse um pequeno pasto eles iriam, porque compreendiam lá no livro do Levítico, terceiro livro da Bíblia, que a terra é de Deus. Por isso que se assustaram com o barulho, certamente poderiam pensar que eram as tropas, da iniquidade do Império Romano. Aqueles comparsas do Templo que estavam lá para perseguir. O Anjo do Senhor diz: ‘não tenhais medo, eu vos anuncio uma Nova Notícia. Nasceu para vós um Menino’. A mesma expressão que o profeta Isaías fala neste texto que ouvimos hoje (Isaías 9, 1-3. 5-6). Mas ao mesmo tempo esse Menino que assumindo a natureza humana torna-se nosso irmão, mas que nós devemos acolhê-lo como se fosse um filho nosso – <um filho nos foi dado>. Destaca-se uma palavra: Ele é o Príncipe da Paz. Mas para se alcançar esta paz é necessário que haja justiça. E ao final da primeira leitura em que diz o profeta: ‘por causa do amor misericordioso de Deus, compassivo’ é que estas coisas se realizam. Volto a dizer, Lucas coloca estas testemunhas nas pessoas de marginais, que acolhem Jesus. Veremos logo em seguida neste Evangelho que foram eles os primeiros a pregar o Evangelho. Antes do nascimento de Jesus, Maria já havia pregado – derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes, assim como, aqueles que sentem fome e despede os ricos de mãos vazias. Quer dizer – o evangelista – desta forma, que a partir de agora os pobres, os débeis, os marginalizados, os pecadores são obrigados a integrar não apenas uma elitizinha – aqueles que eram próximos do templo – a integrar os filhos e filhas amados de Deus. Eles veem ao encontro desta salvação que Deus lhes oferece, gratuitamente, como o apóstolo Paulo fala na Carta a Tito, na segundo leitura (Tito 2, 11-14). Mas antes dessa segunda leitura <a Terra inteira se alegra, se rejubila>, mas há um chamamento para que se proclame isso – uma das estrofes dos salmo de resposta de hoje. Temos que testemunhar. Porque? – O apóstolo Paulo fala: ‘a graça de Deus foi derramada a toda a humanidade, sem exceção’. Ninguém fica de fora. Até os perversos quando assumem o projeto de Deus encontram a redenção, como Mateus, cobrador de impostos – roubava. Mas quando tem seu encontro com o Cristo, no olhar do Cristo e no olhar d Mateus, diz o texto do próprio Mateus: ‘Deus o viu com misericórdia’. E, por sinal, é exatamente aquilo que está escrito no brasão de Francisco, Bispo de Roma. Pra ninguém achar que é privilegiado, que é especial. Todos somos filhos e filhas de Deus. Ou, Zaqueu, que declaradamente o grande ladrão, falava: ‘aquilo que roubei vou devolver quatro vezes’. Penso que não tem jeito de fazer isso, não é? Mas significa conversão. Eles, os pastores, veem ao encontro de Jesus, que oferece a salvação. E são convidados a integrar esta comunidade nova, na aliança do Reino. E o apóstolo fala: ‘esta graça foi derramada sobre todos’. Mas é necessário uma mudança de vida, que ele exprime nas três palavras, uma é repetida: a justiça, em equilíbrio, em equidade – não achando que temos direito a tudo e as massas não têm direito a nada. Porque senão não haverá a segunda palavra: a justiça. E muito menos a última palavra, que aquela criança embora sendo Deus, nasceu na condição da fragilidade humana, portanto, não poderia falar. Porque tem gente que acha que o Menino Jesus – tem até em evangelhos – o Menino Jesus olhou o passarinho lá, de repente reviveu, ou, morreu e por aí vai. Nada disso. Ele teve frio, ele teve fome, ele teve alegria, ele teve tristeza. Mas ele, volto a dizer, como criança, Maria não lhe tinha ensinado palavra nenhuma, mas sendo Deus impele a Maria: ‘anuncie, o seu Filho está no mundo’. E os anjos cantam glória a Deus nas alturas e paz na terra àqueles que vivem lutando pelo equilíbrio, por justiça e por compaixão. Equilíbrio, justiça e piedade. Que a celebração do Natal não seja apenas uma celebração anual. Em que transparece mais a ceia e outros exageros. Mas que seja algo que aconteça todo o ano. E, simbolicamente, Jesus quer ficar acomodado no nosso coração, mas como nosso coração costuma ser mal cheiroso, pra não dizer fedido, por causa da nossa fragilidade e do nosso pecado, Ele então foi colocado num berço que nada mais é do que um cocho, em que os animais comem. Certamente vocês já viram. Eu vejo sempre, pois celebro nas roças. Então, ainda que nosso coração não mereça, nosso cocho fedido e pecaminoso, Jesus quer se acomodar nele, porque Ele é rico em compaixão e misericórdia. Nesta Solenidade um dos grandes padres da Igreja, Doutor da Igreja do Oriente, São Gregório de Nazianzo, ele disse: <Aquele que nos deu a existência, quer também nos dar a felicidade. Jesus Cristo Nasceu, dai glória. Cristo desceu dos céus, correi… Cristo veio à terra, exaltai-o. Cantai ao Senhor ó Terra inteira, alegria no Céu, Terra exulta de alegria. Descendo do Ceú Ele vem habitar no meio da humanidade. Estremecei de temor e de alegria. De temor por causa do nosso pecado, de alegria em razão da esperança. Hoje as sombras dissipam-se. A Luz eleva-se sobre o mundo, como outrora no Egito houve trevas. Hoje uma coluna de fogo ilumina o povo do Deus de Israel. O povo que estava sentado nas trevas da ignorância contempla hoje esta imensa Luz do verdadeiro conhecimento. Porque o mundo antigo desapareceu, todas as coisas são novas. A lei recua – o legalismo – as condenações, o Espírito triunfa. A prefiguração passa, a verdade não perece. Aquele que nos deu a existência, que também dar-nos felicidade. A encarnação do Filho devolve-nos a felicidade que o pecado nos havia feito perder. Neste solenidade saldamos a vinda de Deus no meio da humanidade, para que possamos regressar para junto de Deus. A fim de que nos despojemos do ser humano velho e nos revistamos do ser humano novo, a fim de que mortos em Adão vivamos em Cristo. Celebremos pois este dia cheio de uma alegria, não mundana – como o apóstolo Paulo faz referência – mas uma verdadeira alegria celeste. Que festa, este mistério de Cristo! Ele é a minha plenitude, o meu novo nascimento>”.

Ao final da celebração, à luz de velas e ao som de ‘Noite Feliz’, os fiéis se dirigiram ao altar para venerar e beijar a imagem do Menino Jesus. Após a celebração, as Irmãs Clarissas presentearam os fiéis com velas decoradas com a imagem da Sagrada Família na manjedoura e um pedido de oração pelos refugiados durante o Ano da Misericórdia, como têm clamado veementemente as autoridades eclesiais.

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Por, Leandro Oliveira

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