O Cristão e a Política
O que alimenta a alma e a vida do cristão é a fé, mas São Tiago na sua carta (2,17, 24.26) alerta que: “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé. Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta”. Nesse sentido, a dimensão da fé provoca no cristão uma prática consciente da sua ação, que não se restringe somente no interior da Igreja, participando das missas ou das pastorais, mas em toda a sua vida social, política, cultural e econômica.
Pode-se perceber isso de forma radical em São Tiago (2, 2-4): “Porque, se em vossa casa entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje. E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado. Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?”
Uma das obras que o cristão deve levar em conta é a sua participação na Política. Então, é necessário reafirmar que ação política não se reduz à política partidária, mas, sim, em todas as instituições e organizações de que participa e se vive uma prática política. A questão é: como nós cristãos relacionamos a nossa fé com a obra neste campo de ação?
O documento Cartilha de Orientação Política: Os Cristãos e as Eleições 2018 – “Alegres por causa da Esperança”, (Rm 12,12) – CNBB Regional Sul 2, p. 14, afirma o seguinte: “A CNBB estimula maior participação dos leigos na política, vencendo o preconceito comum de que a política é coisa suja e supérflua; ao contrário, ela é essencial para a transformação da sociedade”. Também o documento 105 da CNBB: “impulsiona os cristãos a construir mecanismos de participação popular que contribuem com a democratização do Estado e com o fortalecimento do controle social e da gestão participativa”.
Uma das obras que todo cristão deve ter é o cuidado com reprodução de notícias e compartilhar nas redes sociais aquelas que são falsas, denominadas Fake News. Precisamos estar atentos e sermos críticos ao recebermos mensagens sobre os partidos políticos ou pessoas ligadas à política. Devemos consultar a origem das fontes para verificar se são reais as informações veiculadas, porque se repassamos essas mentiras estamos cometendo um pecado de eleitor. Além disso, compartilhar notícias falsas, que prejudicam a imagem de alguém, pode ser considerado crime contra a honra (calúnia, injúria ou difamação). Portanto, ao fazermos isso, estamos vivendo uma fé sem obra.
Uma das obras do cristão nas eleições é o cuidado, a gentileza e o respeito às diversidades de pensamentos, das ideias políticas, isto é, a convivência democrática exige de nós o respeito ao outro, aceitar a riqueza das diferenças políticas promovendo um ambiente saudável e sereno para o debate político.
O documento da CNBB Regional Sul 2, acima citado, na p. 7 fala que “não podemos julgar ou agir de forma desrespeitosa e violenta contra uma pessoa por ela se vestir com roupa de uma determinada cor ou por postar conteúdos de seu partido político nas redes sociais”. Também nos alerta para “superar a polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social”.
O cristão católico deve participar das eleições, conhecer as propostas dos candidatos e dos partidos que defendem o direito à liberdade religiosa, os princípios do direito à vida, os direitos dos/das trabalhadores/as, dos aposentados e das aposentadas, da garantia à educação e saúde pública com qualidade social, da ética ecológica, cuidando do meio ambiente, e em defesa de terra para todos/as, não envenenando a alimentação, o ar, a água e a terra;
Enfim, eleger partidos e candidatos/as que têm “compromisso com políticas públicas em favor de todos/as que defendem e promovem a dignidade da vida, a inclusão dos pobres, dos deficientes, dos idosos e dos jovens. O voto é a nossa melhor arma para alcançar isso”. (Cartilha de Orientação Política: Os Cristãos e as Eleições 2018 – “Alegres por causa da Esperança” (Rm 12,12) – CNBB Regional Sul 2).
Neste Ano Nacional do Laicato, o Papa Francisco conclama: “É necessário que os leigos católicos não permaneçam indiferentes à vida pública (Política), nem fechados nos seus templos, nem sequer esperem as diretrizes e as recomendações eclesiais para lutar a favor da justiça e de formas de vida mais humanas para todos”. (Papa aos Políticos latino-americanos, dezembro-2017).
Comissão Diocesana de Justiça e Paz – Diocese de Uberlândia – 2018
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