Critérios para a escolha de um/a Candidato/a
Clamava o profeta Isaías: “Ai daqueles que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores para privar os pobres dos seus direitos e da justiça” (Is 10, 1).
Já mencionamos aqui que a escolha do/a Candidato/a, representante do/a cidadão/ã, se dá por meio do voto livre e secreto; ele/ela é escolhido/a entre vários concorrentes aos cargos eletivos. Daí, a importância de se adotar alguns critérios políticos na escolha do/a possível eleito/a, procurando discernir quem tem transformando a Política (defesa do bem comum) em politicagem (defesa dos interesses pessoais e grupais).
A CNBB Nacional, em sua Mensagem sobre as Eleições 2018, de (07/04/2018), nos chamou a atenção para a descrença da população frente a atual situação político-eleitoral:
Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque, ao revelar raízes cada vez mais alastradas e profundas. Nem mesmo os avanços em seu combate conseguem convencer a todos de que a corrupção será definitivamente erradicada. Cresce, por isso, na população, um perigoso descrédito com a política. A esse respeito, adverte-nos o Papa Francisco que, “muitas vezes, a própria política é responsável pelo seu descrédito, devido à corrupção e à falta de boas políticas públicas” (Laudato Sì, 197).
Diante deste quadro de desilusão com a Política, fazemos uma advertência para a atitude de generalização negativa da Política, expressa nas seguintes afirmações: Nenhum político é honesto! Todo político é ladrão e corrupto! São todos/as iguais! A Política não serve prá nada! Estas posturas decorrem de uma compreensão limitada pelo senso comum superficial, demonstram um pecado de omissão e uma falta de compromisso com a Cidadania. Elas depõem contra a lógica e a realidade dos fatos, pois não conhecemos todos/as políticos/as, com certeza há muitos políticos (servidores públicos) que honram pelo trabalho e honestidade o cargo que lhes foi confiado e a atividade Política é fundamental para as nossas vidas.
Em sua Mensagem Pastoral, Dom André de Witte, Bispo de Ruy Barbosa (Bahia), aponta os seguintes critérios para a escolha de candidatos/as:
1- Não votar nos deputados federais e senadores que foram a favor da PEC da Morte (congelamento por 20 anos dos investimentos em políticas públicas, Emenda Constitucional nº 95/2016), à Terceirização e à Reforma Trabalhista.
2- Não votar em candidatos que ataquem os Direitos Humanos e defendam o “uso das armas” como solução para os problemas sociais. Que não defendam os valores da vida desde a fecundação até a morte natural
3 – Apoiar candidaturas que tenham uma trajetória de compromisso com as lutas por direitos do povo, propostas que apontem para a inclusão social das pessoas mais vulneráveis, pobres e excluídas; tenham compromisso com a Reforma Agrária, habitação popular e com os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
4 – Verificar se os candidatos têm clareza acerca do cargo que ocuparão e de suas funções.
Mais uma vez, salientamos que é preciso ter clareza que a função fundamental do Legislativo é: apresentar e votar Projetos de Lei (sejam do Executivo ou do parlamento), atendendo às necessidades da população, e fiscalizar o Poder Executivo. Por sua vez, o Poder Executivo deve executar o Plano de Governo, as Políticas Públicas, de maneira democrática e transparente, sobretudo, em favor da população mais necessitada.
A Cartilha de orientação política da CNBB, Sul 2 – Os cristãos e as Eleições 2018, pp. 25-26 – nos apresenta, de forma objetiva e didática, alguns critérios importantes sobre a escolha de Candidatos/as:
- Procure conhecer a história e o programa de governo (seja para o Legislativo ou para o Executivo) dos/das Candidatos/as. Quem é candidato/a a um cargo político não “caiu do céu”, tem uma história de vida pessoal, social, profissional e política.
- É oportuno se perguntar: Qual é o projeto do/a candidato/a que pretendo votar? Esse/a candidato/a está comprometido com quem? Quem ele/ela apoia, e é apoiado por quem?
- Se candidato/a a reeleição: o que sabemos sobre o seu mandato anterior? Tem uma história de promoção e defesa da justiça e favorecimento dos direitos humanos? Ele/ela participou ou foi conivente com escândalos e fraudes?
- O/a Candidato/a tem efetiva competência política e reconhecida capacidade de liderança, acompanhada de respeito para com os eleitores e adversários políticos?
- Apresenta uma sincera adesão aos valores humanos e cristãos, manifesta no seu comportamento público, inspirando confiança e credibilidade?
A mesma Cartilha, p. 27, aponta os “Sete pecados capitais” do Eleitor, vale a pena pensar neles:
1- NÃO VOTAR: sua ausência enfraquece a democracia
2- VENDER OU TROCAR O VOTO: é um crime eleitoral.
3- NÃO TER CONVICÇÃO: não mude de opinião por influência da mídia ou amigos. Cuidado com as notícias falsas na internet.
4- NÃO CONHECER: o político, o partido e a coligação.
5- DEIXAR-SE INFLUENCIAR: pelas pesquisas de intenção de votos.
6- NÃO RESPEITAR A OPINIÃO DO OUTRO: considerar inimigo quem pensa diferente.
7-DEIXAR DE ACOMPANHAR: controlar e fiscalizar o exercício do cargo do/a candidato/a eleito/a.
E para finalizar nossa reflexão ouçamos a palavra dos Bispos da CNBB Leste 2, em sua Mensagem Pastoral de (07/06/2018), sobre o momento políticoeleitoral:
Nosso tempo é difícil, complexo, fragmentado; por isso, não podemos tratar esta bela via da grande caridade, que é a política, com descaso e desinteresse. Quando não nos preocupamos com a política, alguém saberá usar dela em benefício próprio ou em favor de grupos que excluem os mais pobres, fazendo crescer a corrupção e a exclusão social.
Não podemos ficar apáticos! Não podemos vender nosso voto! Não podemos deixar de votar! Não podemos tomar atitudes que favorecerão à ”velha” política! Não podemos ceder a quem queira enfraquecer e violar o regime democrático!
VOTO NÃO TEM PREÇO, TEM CONSEQUÊNCIAS!
Comissão Diocesana de Justiça e Paz – Diocese de Uberlândia – 2018
ATENÇÃO! Leia a Cartilha de Orientação Política – Os cristãos e as Eleições 2018, CNBB, Regional Sul 2.
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