Com o tema: ““Família, Sexualidade e Gênero” e, “Parentalidade e Reprodução Assistida – Uma reflexão ética””, ocorreu neste sábado, 14, na Faculdade Católica de Uberlândia, o Simpósio em Defesa da Vida organizado pela Comissão Diocesana em Defesa e Promoção da Vida (COMDEVIDA), organismo da Pastoral Familiar Diocesana.
O Simpósio foi assessorado por Mário Antônio Sanches, Doutor em Teologia e em Bioética, professor na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Padre Joeds de Castro, assessor eclesiástico da Comissão, e Dom Paulo Francisco Machado, bispo diocesano, proferiram algumas palavras na abertura do Simpósio.
Dentre outras questões, Dom Paulo destacou o acidente ocorrido com o rompimento da barragem no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana-MG, causando várias mortes, além de um impacto socioambiental de grandes proporções, questionando a relação homem-meio, do cuidado com as criaturas. A esse respeito, Dom Paulo mencionou a encíclica Laudato Si, do Papa Francisco.
O primeiro tema abordado pelo conferencista foi: “Família” e “Sexualidade Gênero”. Os participantes mostraram-se bastante interessados, tendo em vista a abordagem do tema nos últimos meses, como por exemplo o Sínodo da Família e as constantes violências contra a mulher. A equipe do ELODAFE acompanhou a primeira parte do Simpósio.
A respeito da Família, o professor apresentou diversas formas de abordagem do tema. Destacou a “dificuldade de ação pastoral frente à família recomposta, homoafetiva, além de outros arranjos existentes na sociedade contemporânea.
Com relação a esses modelos, Prof. Mário ressaltou o papel da cultura na formação dos conceitos e valores de uma sociedade. Citou o exemplo de países de tradição católica, que, todavia, têm modelos de família que diferem bastante daqueles que a nossa sociedade historicamente aceita. Outro condicionante dos modelos de família é a época, ou, o período, sendo que hoje numa sociedade urbana, a conformação da família é também diferente daquela de uma sociedade predominantemente rural.
Segundo o conferencista, há alguns tipos predominantes de família: elementar, nuclear, extensa e composta.
No caso do Brasil, até meados do século XX, predominava a família extensa, que tem estreita relação com os demais parentes, devido à proximidade, ao ritmo de vida. Nos dias atuais, todavia, ainda predomina a família nuclear, a qual restringe-se basicamente ao casal e filhos, sendo um modelo ocidental, norte-americano, caraterístico da sociedade urbana.
O grande problema da família nuclear apontado pelo professor é que em situação de dificuldades (financeiras, doenças, etc.) ela não se sustenta. Na família, extensa, por outro lado, os avós e tios têm um papel fundamental de amparar os familiares nestes momentos. Outra questão é o que ele denominou de terceirização da educação, que pode ser observada por meio do número de crianças que hoje frequentam creches.
Após apresentar os vários modelos sociológicos de família (consanguinidade, afetivo/sexual e jurídica), Professor Mário Sanches destacou o papel da Igreja, que, conforme o Documento de Aparecida, é Mestra e Mãe. Nesta perspectiva, ele destacou que a Igreja apresenta também o seu modelo – com base na relação trinitária –, mas que ela deve estar aberta a acolher seus filhos.
Sobre isto, ressaltou: “não basta o modelo sociológico é preciso olhar para a Santíssima Trindade e ver se a família está de acordo com aquele modelo”, pois nas relações trinitárias, encontra-se: amor (filia, eros e ágape), reciprocidade, fidelidade, responsabilidade, felicidade, alegria…
Neste sentido, o professor arguiu sobre o modelo de família apresentado pela Igreja, fundada no sacramento do matrimônio – homem e mulher (DAp – Cap. IX), que se aproxima da Santíssima Trindade. Criticou ainda o que ele chamou de “família ideal”, que tem composto a pauta de determinados grupos religiosos enquanto proposta política – uma cruel ideologia.
Ainda sobre a família, Mário Sanches salientou uma frase que utilizou diante de uma indagação, na qual sintetiza que “pastoralmente a Igreja Mãe – com autenticidade, humildade e honestidade – não perde uma oportunidade de se aproximar de seus filhos”, demonstrando que o papel da Igreja é acolher.
Quanto à sexualidade e gênero, o professor teceu uma discussão sobre o conceito de “natureza humana”, colocando-o em cheque, uma vez que são várias as dimensões que constituem a pessoa, tais como: biológica, cultural, existencial, dentre outras. Desta forma, afirmou que a sexualidade humana/cristã, deve ser: auto libertadora, enriquecedora do outro, honesta, fiel, socialmente responsável, promotora de vida e alegre. Tratou também do tema da violência contra a mulher, que surge de uma cultura machista e que se não for discutido persistirá.
Questionado sobre o papel da Igreja diante da homoafetividade, partindo de sua abordagem da “natureza” humana, ressaltou que isto não é matéria da Igreja, mas sim do Estado e defendeu que o Estado assuma este papel e regulamente esta situação. À Igreja, cabe mais uma vez o seu papel de Mãe, de acolher os teus filhos. Retomando a questão da família destacou que não vê num horizonte nem mesmo distante que a Igreja aprove o matrimônio de pessoas do mesmo sexo, pois ela tem muito claro seu modelo de família – assinalado acima -, o qual anuncia mas não deve de forma alguma impor, referindo-se novamente à atuação dos grupos religiosos já mencionada.
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Por, Leandro Oliveira
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