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Sínodo dos bispos para a região Pan-amazônica, por Dom Paulo Francisco Machado

Sínodo dos bispos para a região Pan-amazônica

Por Dom Paulo Francisco Machado
Bispo diocesano de Uberlândia

O Papa Francisco, como sucessor de Pedro, convocou o Sínodo dos bispos para a Região Amazônica, a se realizar em Roma, do dia seis ao dia vinte e sete de outubro do corrente ano. A extensa região inclui: Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. A maior parte da região pertence ao nosso território nacional, e vou logo dizendo que, como brasileiro, não quero ver nosso mapa diminuído sequer em um centímetro.

A missão da Igreja, como todos sabem, por um mandato do Senhor é: Evangelizar – “Ide por todo o mundo, fazei discípulos todos os povos” – levar a todas as pessoas a salvação que o Verbo Encarnado, Morto e Ressuscitado nos trouxe.

É neste sentido, o de levar o Evangelho aos povos, que a Igreja, tendo à frente o Vigário de Cristo, promove esse Sínodo para buscar caminhos comuns, uma vez que os desafios da Igreja em toda a região são muitos e bem  semelhantes, para citar alguns: clero reduzido, longas distâncias, meios de transportes precários, povos com línguas e culturas diversas, parcos recursos materiais, etc. Francisco, o santo padre, convoca os bispos da área a refletir juntos, rezar juntos, assumir juntos compromissos comuns (este o sentido mesmo de sínodo).

 Certamente na cabeça de muitos já se formula, diante do exposto, a seguinte questão: “Mas Ecologia, cuidado da natureza é da alçada, da missão da Igreja, uma vez que ela existe para Evangelizar?” .

Aqui cabe logo uma importante distinção. Para o ateu, o mundo – incluindo toda a região amazônica –  é obra do acaso. Tudo apareceu sem a previsão e atuação de Alguém, como se um Dicionário como o do nosso Aurélio, fosse fruto da explosão de uma tipografia. Para o pagão o universo é eterno, ao menos como um inicial caos, e que, à medida que foram surgindo os deuses, por obra de um ou outro deles, as coisas, a natureza foi se organizando, até chegar à maravilha – alguns ‘pensadores atuais já não pensam assim’˗ que é o ser humano. Para os monoteístas, ou seja, os que creem num só Deus, como tantas vezes rezamos no Credo, o universo com tudo o que nele existe, microcosmos e macrocosmos, foi obra intencional de Deus, foi Ele que o esboçou, o desenhou repleto de sabedoria, mas sobretudo de amor. Assim professam os judeus, os cristãos e os muçulmanos.

Portanto, não falamos de natureza e sim de criação. O universo tem um Criador fonte de toda existência, como tem um Redentor: Jesus Cristo, Aquele que a Igreja anuncia.

O Sínodo da Amazônia tem caráter pastoral por entender que seus habitantes também foram resgatados por Cristo, necessitam do Evangelho, dos sacramentos, de uma vida digna, selada pelo amor, como criaturas feitas “à imagem e semelhança de Deus”. E o cuidado com a “natureza” é, no nosso entendimento cristão, cuidado com a obra da criação, que, agradecidos somos chamados a contemplar, como fez o Senhor “Olhai os lírios do campo” (se Jesus vivesse no cerrado diria: “olhai os ipês desta nossa savana…”). Afinal, Deus deixou-nos o mundo como um belo jardim a ser cuidado pelos homens e mulheres diligentes. Assim, preservar a obra do Criador como bons administradores é também missão confiada por Cristo a todos nós, é obra de caridade, de amor e responsabilidade para com as gerações futuras.

Vamos continuar ‘antenados’ no futuro Sínodo, mas sobretudo compreender melhor os objetivos da Igreja e, mais importante ainda, rezar pelo melhor resultado desta iniciativa do Espírito Santo e do nosso papa.

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