O Lavador de pés, ícone da felicidade
Dom Paulo Francisco Machado
Que todas as pessoas desejam a felicidade, a dar cor e sabor às suas vidas, são favas contadas. Nesse sentido, a ânsia inscrita no mais fundo do coração humano é a de ser feliz. Mas não basta uma felicidade qualquer e passageira. Somos ambiciosos, queremos a felicidade plena, eterna e a perseguimos com determinação, buscamos diuturnamente a sua fonte. Será pois, de nosso maior interesse, munirmos-nos de uma boa bússola ou de um atualizado GPS para nos levar certeiro à sua casa, ao seu palácio.
Não são poucas, talvez, a maioria das pessoas humanas batem à porta da riqueza, uma vez que, seres materiais, necessitamos de coisas visíveis, palpáveis: alimento, roupas, abrigo. Tudo isso não passa de miragens de alegria e realização, são sonhos “y los sueños, sueños son “ ( Calderón de la Barca).
Entre os jovens de nossos dias e, mesmo entre pessoas maduras, a grande alegria, a felicidade é ter um grande grupo de seguidores nas redes sociais. Talvez daí venha o encanto para muitos em se apresentarem nos chamados “reality show”, com aqueles intermináveis e fluidos “papos cabeça”. Importa ser visto, ter, por breves instantes, sua face estampada nas telas de smartphones, computadores e tevês.
Há aqueles a buscar desesperadamente o poder, desejo doentio de mandar, de ter todos a seus pés como escabelo. Com que afinco, por exemplo, milhares de pessoas se candidatam a qualquer espaço de poder. Muitos não se dão conta de serem ridículos.
Outros, como novos “Dom Juan”, querem seduzir os outros, torná-los escravos, completamente submissos à sua “beleza” daí, a busca insana pelo corpo perfeito, corpo sarado, “barriga de tanquinho” e mente vazia.
Cabe-me apresentar, a partir do Evangelho segundo João, o ícone da verdadeira felicidade, que devemos ter sempre no coração e nas atitudes. Então abro o Evangelho e deparo com o seguinte texto: Jesus “levantou-se da ceia, tirou o manto tomou uma toalha e amarrou-a na cintura (…). Pôs-se a lavar os pés dos discípulos, e enxugava-os com a toalha que trazia à cintura(…) Depois de lavar os pés dos discípulos vestiu o manto, sentou-se à mesa(…). Sabendo isso sereis felizes, se o praticardes.”
A primeira coisa a fazer é retirar o pesado manto de nossa vaidade, de nossa soberba. Será preciso dizer: a soberba, o orgulho é que expulsou a humanidade e nos expulsa do paraíso da alegria, do colorido da vida e do doce sabor de conviver fraternalmente, porque somos feitos para amar, para a relação jubilosa com a criação inteira e com nossos semelhantes. O outro, homem ou mulher, encontrados em nosso caminho é sempre “osso de meus osso, carne de minha carne” e, por isso aprovamos a obra de Deus no fundo de nós: “Desta vez sim, é osso de meus ossos, carne de minha carne”. Sem humildade, olhamos o outros de cima para baixo, na disposição de tirarmos o máximo proveito dele. Coisificamos as pessoas, desconhecemos sua face, negamos seu valor único.
Depois, será necessário tomar a toalha, abaixar-se e lavar os pés dos irmãos e irmãs. Tenhamos sempre em vista, que o verdadeiro Deus é Aquele que se rebaixou à nossa condição humana, se apequenou ante as suas criaturas para servi-las, apresentar-lhes o cálice da plena alegria, do sabor mais sublime da vida: AMAR e amar como Ele amou, fazendo-se servo.
Jesus, como nosso mestre, nosso único mestre (Raboni), após o Lava-pés, sentado como convém em sua função docente, sussurra ao coração de cada cristão: “Sereis felizes, se o praticardes”.
Jesus, Lavador dos pés da humanidade é o ícone da felicidade. Vamos segui-Lo!!!
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